Fernanda Montenegro, que completa 90 anos no próximo dia 16, está lançando seu livro de memórias "Prólogo, Ato, Epílogo". Em entrevista ao programa "Conversa com Bial", nesta última quinta-feira (3), a atriz classificou a jornalista Marta Góes, que colaborou na produção da biografia, como "uma excelente parteira". Segundo a artista, o livro é o resultado de 18 entrevistas transcritas e editadas por Marta.

Marta , que também estava presente no programa, disse que levou em torno de 45 horas para concluir a construção da obra e citou um fio de memória que, segundo ela, foi lentamente esticado.

A jornalista contou que toda vez que chegava na casa da atriz se deparava com uma mesa toda revirada, cheia de fotografias, e assim a global ia provocando suas lembranças mais antigas para contá-las em seu livro autobiográfico. "Eu herdei essa sorte de não estar gagá", declarou a global.

Motivação para o livro foram os netos

Fernanda, que deu vida a Dulce na novela "A Dona do Pedaço", revelou que a sua principal motivação para a criação do livro foram os netos. Isso porque a atriz teve filhos tarde, e desta forma, seus filhos também tiveram filhos tarde.

A atriz cita também seus pais, dizendo que eles tinham pouco mais de vinte anos no Brasil quando ela veio ao mundo. Contudo, Montenegro conta que ninguém era mais brasileiro que sua mãe e seu pai.

Fernanda conta também que a sobrevivência ficou cravada em sua mente. Isso já que ela e seus pais viviam no Brasil como imigrantes. A global conta ser necessário encontrar o personagem em sua própria sobrevivência, e assim, ressalta que sempre que conversava com estudantes de artes cênicas recomendava a eles que desistissem.

Contudo, ela explica que dizia isso porque se não aguentassem é porque são atores.

Montenegro diz que assim a pessoa não vai se entregar para a morte. "Você vai se entregar a vida", ressaltou.

Programa relembra imagens antigas

Ainda durante o programa global, foi possível relembrar imagens antigas da atriz mostradas no telão.

Entre às lembranças mostradas foi possível ver pequenos trechos do famoso curta de João Bittencourt, "A Linguagem do Teatro" (1966). Obra que acompanha a montagem da peça "A Mulher de Todos Nós", uma versão adaptada pela "La Parisiènne". Mas isso não é tudo, já que o que torna tudo ainda mais especial é o fato de o texto ter sido adaptado por Millôr Fernandes, isso a pedido de Fernando Torres, companheiro da atriz tanto na arte quanto na vida.