O locutor de rodeios Waldemar Ruy dos Santos, conhecido como Asa Branca, morreu nesta terça-feira (4), no Hospital do Câncer, em São Paulo. Ele tinha 57 anos e lutava contra um câncer na mandíbula, diagnosticado em 2017 e também era portador do vírus HIV, descoberto em 2007. O falecimento foi publicado na página oficial do locutor.
Sua última internação aconteceu no dia 25, quando ele reclamava de muitas dores e, de acordo com a esposa, Sandra Santos, a morfina não fazia mais efeito.
Na semana passada, em entrevista ao portal UOL, afirmou que os médicos lhe disseram que não havia mais nada a ser feito por ele. Os últimos meses foram de idas e vindas do hospital.
Ele seria homenageado com a medalha da Ordem dos Parlamentares do estado de SP, mas por conta de sua última internação, não pode comparecer ao cerimonial.
Ainda não existem informações sobre o velório, mas a esposa informou que o sepultamento do locutor será na cidade de Tiriuba, no interior de São Paulo, onde Asa Branca nasceu.
Ícone dos rodeios
Asa Branca se tornou um ícone no mundo dos rodeios ainda na década de 80 ao incorporar um novo estilo de narração aos rodeios.
Usando um microfone sem fio, inovação tecnológica para a época, ele deu mais entonação ao famoso bordão “segura peão” criado pelo também já falecido Zé do Prado.
Com voz inconfundível também criou versos e jargões que caíram no gosto de quem frequentava os grandes rodeios do circuito, com o Barretos e Jaguariúna. Sua última aparição em rodeios foi em 2018, na cidade de Fernandópolis, no interior de São Paulo.
No auge de sua carreira, de acordo com reportagem publicada pela revista Veja, ele chegava a faturar 300 mil reais por mês em cachês. Fora das arenas, apresentou atrações importantes na televisão, como Som Brasil e o especial Amigos, de 1995.
Antes de se tornar famoso por suas locuções, Asa Branca se dedicava a fazer o que viria mais tarde a narrar os outros fazendo.
A carreira no mundo dos rodeios se iniciou com ele fazendo montaria em animais considerados bravos, mas foi obrigado a parar de competir quando teve um dos pulmões perfurados por um touro.
Arrependimento
Em uma entrevista à revista Veja, Asa Branca se disse arrependido por ter maltratado touros com choques elétricos. O objetivo, segundo ele, era fazer com que os animais pulassem mais.
Na época ele disse que estava pagando por todo o sofrimento causado aos animais. “Estou pagando toda a dor que causei e incentivei os outros a causar nos bichos”, disse o locutor. “A festa era de alegria para o público, mas de dor e sofrimento para os bichos”, refletiu.
A rotina nos rodeis e a luta contra as doenças são mostradas nos longas “A Última Voz dos Rodeios” e “Asa Branca - A Voz da Arena”.