Um estudo recente realizado por especialistas da University College Cork (UCC), na Irlanda, lançou luz sobre uma maior conexão entre dinossauros e as aves contemporâneas. A pesquisa, publicada na revista Nature Ecology & Evolution em 21 de setembro, utilizou tecnologias de ponta para examinar penas fossilizadas, desafiando conceitos preexistentes sobre a composição dessas estruturas em dinossauros e aves modernas.

Fósseis revelam semelhanças inesperadas

Antes dessa pesquisa, acreditava-se que as penas dos dinossauros eram predominantemente compostas de alfa-queratina, tornando-as menos rígidas em comparação às penas ricas em beta-queratina das aves contemporâneas.

A rigidez é essencial para o voo, o que levou a suposições de que os dinossauros emplumados eram menos ágeis no ar.

No entanto, as análises realizadas nas penas fossilizadas de Sinornithosaurus, que datam de 125 milhões de anos, e de aves primitivas, como a Confuciusornis, bem como uma pena de 50 milhões de anos encontrada nos Estados Unidos, revelaram algo surpreendente. Embora as penas antigas contivessem alfa-queratina, traços de beta-queratina também estavam presentes. Isso indica que a alfa-queratina se formou como resultado da degradação da beta-queratina durante o processo de fossilização, desafiando as suposições anteriores sobre a composição das penas dos dinossauros.

"É realmente empolgante descobrir novas semelhanças entre dinossauros e pássaros", comentou a paleontóloga e uma das principais líderes deste estudo, Tiffany Slater, da Escola de Ciências Biológicas, Terrestres e Ambientais da UCC, em um comunicado.

Reescrevendo a história da evolução das penas

Essas descobertas revolucionárias não apenas aproximam mais os dinossauros das aves modernas, mas também questionam a preservação de proteínas em fósseis ao longo de milhões de anos. Os cientistas argumentam que a paleontologia deve adotar uma abordagem mais holística, considerando o contexto e as condições de preservação dos fósseis.

Embora o registro fóssil seja uma janela fascinante para o passado, os fósseis são submetidos a extremas condições de calor e pressão durante a fossilização, o que pode distorcer a interpretação literal. Portanto, as pesquisas futuras buscarão desenvolver ferramentas mais precisas para desvendar os segredos químicos e evolutivos dos dinossauros e de outras criaturas antigas.