Dentre as inúmeras causas apontadas como responsáveis pelo crescimento do índice de suicídio entre policiais, está o estresse. Este grave problema surge devido a dura e perigosa rotina da profissão. Muitas vezes, ou quase sempre, o policial sai de casa para trabalhar sem saber de vai retornar para o lar.
Além disso, ele vive em constante preocupação com a segurança da família e praticamente precisa viver escondido quando não está em ação. Muitos abdicam da vida social por causa dos riscos constantes se serem alvejados por bandidos.
Para o especialista em segurança pública Robert Muggah, o estresse pode gerar grandes riscos, incluindo o suicídio, mas não é sempre prejudicial.
“O que importa é como as pessoas reagem e se adaptam ao estresse. Aquelas pessoas que sentem que têm um grau de controle sobre suas vidas e eventos estão muitas vezes em uma posição melhor para gerenciar o estresse do que aqueles que se sentem impotentes. No Brasil a Polícia pode muitas vezes se encontrar exposta a níveis excessivamente elevados de estresse, mas também estão expostos a um alto grau de incerteza”.
“Em alguns estados a polícia é rotineiramente envolvida em tiroteios. Policias muitas vezes veem colegas mortos no cumprimento do dever. Nos primeiros meses de 2015, pelo menos 15 policiais militares foram mortos e outros 75 hospitalizados. Em 2014, mais de 114 policiais militares e civis foram assassinados na região metropolitana carioca.
A maioria deles morreu fora de serviço”.
“Uma maneira de começar a interromper essa ‘epidemia’ geral de violência é através do reforço de proteções para os cidadãos e para a polícia. Baixas em todos os lados são muitas vezes toleradas como os custos colaterais desta guerra não declarada do país. Mais investimento é claramente necessário para monitorar e responsabilizar a polícia.
A polícia também precisa de apoio. No mínimo, a vitimização de policiais precisa ser mais bem tabulada. Sistemas para identificar o estresse, doença mental, e comportamentos de risco são essenciais”, garante Muggah.
Confira também:
CASOS DE SUICÍDIO CRESCEM TANTO NA POPULAÇÃO CIVIL, QUANTO ENTRE POLICIAIS, DIZ PSICÓLOGA