Um esquema que envolve a sua saúde e a de seus filhos, netos e parentes foi descoberto pela Polícia Federal. A "Operação carne Fraca", deflagrada nesta sexta-feira (17), identificou um enorme esquema de propinas ligadas ao Ministério da Agricultura, carnes vencidas "maquiadas" e fraude na fiscalização. Em resumo, sim, você é vítima do esquema.

Cerca de 1100 agentes da Polícia Federal participam das ações para executar a princípio 38 mandados de prisão. Nesse momento a operação visa desarticular o esquema "cortando as cabeças" da organização criminosa, ou seja, diretores das companhias e os agentes fiscais agropecuários corruptos.

Entre as empresas acusadas estão a JBS (Friboi), a BRF Foods (Perdigão e Sadia) e a Seara. O UOL tentou falar com todas as partes, sem sucesso.

Carne com substância cancerígena

Segundo a PF, a Peccin Agro Industrial, por exemplo, "maquiava" suas carnes com ácido ascórbico, uma substância potencialmente cancerígena. Era comum a fraude de notas ficais e selos de inspeção (SIF). O esquema envolvia até um laboratório responsável por analisar as amostras de produtos alimentícios.

Fraude em merenda escolar

O frigorífico Souza Ramos também estaria envolvido num esquema para fraudar o fornecimento de merenda escolar no estado do Paraná. As salsichas e linguiças deveriam conter carne de peru mas continham impurezas e carne de frango, mas de peru, não.

Outra empresa que estaria comercializando carne estragada é a Larissa.

Carne estragada

As fraudes causam revolta. Segundo o delegado da PF responsável pelo caso, eram usadas cabeça de porco e animais mortos há muitos dias, com carne estragada. Em um diálogo gravado com autorização judicial, o dono do frigorífico Larissa, Paulo Rogério Sposito, orienta um funcionário a mandar as carnes vencidas para a produção e trocar as etiquetas para revalidar o vencimento do produto.

O UOL tentou, às 10h45, contato com o frigorífico Larissa, de Mauá (SP), mas sem sucesso.

Esquema ilegal em frigoríficos ajudava campanhas do PMDB e PP

O superintendente regional da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, confirmou que o esquema dos frigoríficos investigados na "Operação Carne Fraca" abastecia campanhas de 2 partidos políticos, o PP e o PMDB. As investigações ainda irão apontar quais candidatos eram beneficiados pela organização.