Após passar quatro anos tentando provar a inocência do adolescente Marcelo Pesseghini, de 13 anos, acusado em 2013 de matar seus pais, sua avó e sua tia-avó, os avós paternos do garoto decidiram enviar um novo laudo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) que pode causar uma reviravolta no caso já concluído pela Justiça brasileira.
Trata-se de uma nova análise feita nas imagens usadas para conclusão do caso que mostra que o vídeo utilizado pela Justiça sofreu edições com a finalidade de incriminar o adolescente, que, de acordo com a versão final do inquérito, cometeu suicídio após assassinar a família em São Paulo.
O novo laudo das imagens, encomendado pela família do garoto através da advogada que está cuidando do caso, mostra que alguns frames da gravação sumiram, além da repetição de outros, o que pode evidenciar a edição do vídeo. Esses quadros seriam de extrema importância, pois neles podem conter imagens de outras pessoas responsáveis por ajudar Marcelo ou até mesmo ter cometido o crime ao invés do adolescente.
O relatório que pode provar a inocência do garoto e dar um novo rumo às investigações foi feito por um perito particular norte-americano. A iniciativa de querer retomar as apurações do caso foi tomada pelos avós paternos de Marcelo, que jamais acreditaram na versão final dada pela Polícia. De acordo com o portal de notícias G1, os vizinhos da família, que conheciam o adolescente, acreditam que o crime tenha sido cometido por militares, colegas de trabalho dos pais do garoto.
O caso
O sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos; a mãe, a cabo Andréia Bovo Pesseghini, de 36; a avó materna, Benedita de Oliveira Bovo, 67; e a tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, 55, foram encontrados mortos com marcas de tiro em meados de 2013.
Junto com eles, Marcelo Pesseghini, de 13 anos, também foi encontrado morto com sinais de ter cometido suicídio. Laudos do exame de balística apontaram que os disparos foram efetuados pela arma da mãe de Marcelo.
Uma investigação feita na época apontou que o adolescente sofria de transtornos mentais e jogava um game violento, Assassins Creed, que poderia ter sido uma inspiração para o garoto cometer o crime. Ele teria matado a família com a arma da mãe durante a noite e dormido no carro dela até que amanhecesse e pudesse ir para a escola. Chegando lá, ele teria contado para seus coleguinhas que assassinou seus pais como no jogo, mas eles não acreditaram na história de Marcelo. Ao voltar para casa, ele teria se matado.
Ainda de acordo com os policiais, o jovem teria dirigido o veículo da mãe para deslocar de sua casa até a escola. O vídeo usado pela Justiça foi feito através de imagens de câmeras de segurança do bairro e da escola. A parte da filmagem que sumiu poderia mostrar se o menino de 13 anos estava acompanhado ou não.
Os familiares do garoto querem provar que ele também foi uma vítima e não o causador da chacina, além de contribuir para novas investigações com o objetivo de descobrir os verdadeiros responsáveis pelo crime.