Manaus vive uma situação de emergência causada pelo novo coronavírus e isso fez com que o sistema funerário da capital amazonense praticamente entrasse em colapso. Em entrevista concedida à Rede Amazônica, na última segunda-feira (20), o prefeito Arthur Virgílio Neto deu uma declaração chocante.

De acordo com ele, os 106 sepultamentos realizados naquele dia, 36 haviam sido de pessoas que morreram em suas casas, o que lhe fez classificar a situação como de calamidade pública.

121 sepultamentos em um único dia

Já em um vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito fala sobre os altos índices de sepultamentos que vem acontecendo em Manaus.

Ele disse que antes do coronavírus o número diário de sepultamentos na cidade ficava entre 20 e 35, no caso 35 em épocas de gripes sazonais, como a H1N1. Já após o coronavírus esse número foi saltando dia a dia, chegando a 121 sepultamentos no último domingo (21) e 106 na segunda-feira (20).

Desses 121 sepultamentos ocorridos no domingo, diz o prefeito, 17 eram de pessoas que haviam falecido em suas casas. No dia seguinte, esse número saltou para 36. Para ele, isso está gerando certa falência nas possibilidades de atendimento. A taxa de ocupação nos leitos do estado está se aproximando de 100%

Até a noite desta terça-feira (21), em todo o estado do Amazonas haviam sido registradas 193 mortes causadas pela Covid-19.

Desse total, 163 ocorreram em Manaus. Dezenas de covas foram abertas na sexta-feira (17) para atender a demanda. A prefeitura de Manaus disse que a estimativa, em relação aos últimos meses, é de aumento na demanda entre 50 e 60%.

Contêineres frigoríficos

Por conta da alta demanda de corpos que chegam para serem sepultados no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, foram instalados contêineres frigoríficos.

Os corpos estão sendo enviados de hospitais públicos e muitos pacientes morreram por conta do coronavírus.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostrou uma fila de carros funerários esperando a vez de sepultar os corpos que transportam.

Para evitar aglomerações, a prefeitura decretou que os velórios de pessoas cujas mortes comprovadamente não foram causadas pelo novo coronavírus durem até duas horas e o sepultamento deve ser acompanhado por no máximo cinco pessoas.

Falando ao portal G1, um vendedor de flores que trabalha perto do cemitério disse que o movimento tem sido intenso desde a última sexta. Ele disse que muitos carros ficam parados esperando a vez de entrar.

Outros contêineres foram instalados em hospitais públicos após um vídeo também ter circulado na semana passada mostrando que pacientes tinham que dividir espaço com corpos no Hospital João Lúcio.