Em meio à toda tensão e incertezas provocadas pelo isolamento social e o temor de ser o próximo infectado pelo novo coronavírus, há espaço para gestos de solidariedade entre as pessoas. Em Sorocaba, no interior de São Paulo, um motorista de aplicativo decidiu não cobrar a corrida pedida por uma funcionária do setor de saúde que estava indo trabalhar no Hospital Evangélico.
Em uma rede social, Hannah Danielle de Camargo Antunes, de 19 anos, iniciou sua postagem dizendo que “nem tudo se baseia em dinheiro e ganância”, para depois narrar os fatos que ocorreram na semana passada.
A jovem relatou que estava atrasada para ir ao trabalho e por isso decidiu chamar um carro de aplicativo. Ela seguiu contanto que demorou um pouco para ir até o carro. Já no final do trajeto, o motorista a questionou se ela trabalhava na área hospitalar e ela disse que sim e que estava agoniada com tudo o que estava acontecendo.
A corrida custou R$ 8 e, ao chegar no destino, Hannah tirou o dinheiro para pagar, mas foi surpreendida pelo motorista, de nome Júlio. “Eu não cobro de pessoas que estão trabalhando na área hospitalar”, disse ele.
Deus lhe abençoe
Hannah disse ao portal G1 que estava muito angustiada por conta da pandemia, e no caminho ele foi lhe acalmando. Ela ainda insistiu para que ele ficasse com o dinheiro, mas ele não quis cobrar.
“Naquele dia eu não estava bem e ele foi essencial. Fiquei pasma”, disse. “Olhei pelo retrovisor e ele falou para Deus me abençoar", lembrou a jovem.
A história foi compartilhada pela jovem em uma rede social e rapidamente viralizou, tendo mais de 570 compartilhamentos e 1.200 curtidas.
Na postagem, ela finalizou a mensagem lhe agradecendo, não por ter se negado a cobrar a corrida “mas por ter me abençoado antes de sair do carro”.
Ela disse ainda que não sabia se o recado chegaria até ele, mas ela queria ele soubesse que mudou seu dia e sua história.
Ela disse que tentou entrar em contato com o motorista, chegando até a procurá-lo através da empresa, mas não conseguiu. “Queria muito encontrar e acho que eu iria chorar se encontrasse ele”, falou.
Mensagem chegou até Júlio
O portal G1 Sorocaba conseguiu localizar o motorista Júlio Cesar Gimenez Magalhães. Ele afirmou que a decisão de não cobrar corridas de profissionais que trabalham com saúde foi tomada no início da pandemia, mas que Hannah foi a primeira funcionária de hospital que ele transportou.
Ele disse que quando soube que a jovem trabalhava em hospital ele decidiu não cobrar. “Me surpreendi. Sempre faço tudo de bom coração e me emocionei”, disse Júlio, referindo-se à repercussão que o fato tomou.
A empresa pela qual o motorista presta serviços disse que todos os funcionários se emocionaram com a solidariedade do colaborador.