A advogada Isabela Bueno de Sousa, de 49 anos, foi colocada como ré pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), pelo crime de injúria racial. A magistrada é acusada de ter usado o emoji (imagem utilizada em aplicativos de mensagens) de uma banana para responder a uma advogada negra em um grupo de WhatsApp. As informações são do site G1.
O caso aconteceu no dia 11 de janeiro de 2021. Ao site, a advogada de 31 anos, Thayrane Evangelista, que moveu a ação contra a colega de profissão, relatou que enviou uma “figura aleatória”, um GIF, no grupo do aplicativo de mensagens e teve como resposta imagens de bananas.
Ao questionar o motivo de ter recebido as imagens, a acusada respondeu que se tratava de uma "reserva de pensamento" e que teria pensado "alto". O G1 tentou conversar com a acusada.
Polícia
A Polícia Civil investigou o caso e a partir do inquérito, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entrou com uma denúncia contra a magistrada e a Justiça acatou na última quinta-feira (19). No documento, os promotores falaram da referência racista que o uso da fruta significava.
O Caso
Segundo a denúncia, Isabela agiu por livre vontade e conscientemente ofendeu a dignidade de Thayrane ao usar elementos que dizem respeito à cor e a raça da vítima. O processo conta que os advogados discutiam sobre a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), quando a ré respondeu Thayrane com as imagens.
Fazem parte do grupo no WhatsApp 256 pessoas.
Quando se sentiu ofendida, Thayrane disse que não tinha entendido o motivo que as bananas haviam sido mandadas para ela, no que a denunciada disse que era uma “reserva de pensamento”. E se desculpou dizendo que havia pensado “alto”.
Após a ofensa, Thayrane encaminhou para o grupo o que diz o crime de injúria racial.
Isabela respondeu que a banana seria a fruta que ela mais gosta, porém representa também “pessoas sem personalidade” e ainda foi irônica ao dizer que é simples entender o contexto. Thayrane enviou o caso ao Ministério Público além de acionar a Polícia Civil. O site G1 também tentou entrar em contato com a OAB do Distrito Federal.
Justiça
O juiz Wellington da Silva Medeiros quando recebeu a denúncia negou o pedido da ré que queria manter o processo em sigilo. Segundo Medeiros, possíveis “dissabores” que a ré possa vir a sofrer não são resultados diretos da existência da ação penal, e sim do próprio ato, supostamente cometido por ela, que foi anteriormente divulgado pela imprensa do DF, inclusive porque envolveu outros cidadãos no grupo do aplicativo de mensagens.
A denunciante contou que já havia sofrido várias formas de racismo, mas essa foi a primeira vez que denunciou. Por se tratar de uma advogada que estava dentro de um grupo de advogados, ela decidiu procurar a Justiça. Diversos integrantes do grupo entenderam da mesma forma que ela, até mesmo a Justiça que tornou Isabela Bueno de Sousa ré, disse Thayrane.