Para combater o vírus da Zika a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso de mosquitos geneticamente modificados (transgênicos). A sugestão divide a opinião dos cientistas, parte deles acredita que pode ser uma boa estratégia e parte deles acredita que o uso de animais modificados pode ser um perigo ao meio ambiente e consequentemente à saúde pública.
A produção dos mosquitos Aedes Aegypt modificados foi aprovada em 2014 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), no entanto ainda não pode ser comercializado. Aqui no Brasil a Anvisa ainda tem dúvidas de como enquadrar o produto.
Os mosquitos transgênicos produzidos pela multinacional britânica Oxitec são machos que quando cruzam com as fêmeas geram mosquitos que não sobrevivem ao estágio larval, ou seja, eles nunca chegam a ser mosquitos de fato. Assim, não podem transmitir nenhuma das doenças como a dengue, zika ou chicungunha.
O que tem causado dúvidas sobre o grupo de cientistas é que ainda não se sabe como o mosquito modificado agiria solto no meio ambiente, talvez eles morram antes mesmo de procriar.
Segundo dados da Oxitec, os testes realizados aqui no Brasil desde 2011, nas cidades de Juazeiro- BA e Piracicaba - SP, têm rendido resultados satisfatórios. Aproximadamente 20 milhões da nova espécie foram usadas aqui no Brasil nas fases de teste, já que a venda ainda não é autorizada.
A recomendação da OMS provavelmente está tentando acelerar a liberação do comércio, pois há o interesse em expandir as áreas tratadas com o novo mosquito.
O Estado da Bahia já demonstrou interesse em expandir a região do teste e o estado do Mato Grosso do Sul também já está verificando a possibilidade de implantação.
Já em Piracicaba ambientalistas estão entraram com uma ação na Promotoria para certificar de que os resultados são realmente satisfatórios antes de ampliarem a área de testes.
Prós e Contras
Pontos positivos:
- O mosquito não permite a transmissão de doenças como a dengue, zika e chicungunha.
- Provável diminuição da população selvagem do mosquito Aedes Aegypt.
- O mosquito modificado depois de solto vive apenas de dois a quatro dias.
- O mosquito modificado não possui nenhuma toxina que causa alergia em humanos e em outros animais.
Pontos negativos:
- As cidades que usam essa estratégia ficariam dependentes do fornecedor para controlar os mosquitos selvagens e a transmissão das doenças.
- Ainda não se sabe como o mosquito modificado se comporta no ambiente.
- Os cientistas ainda não têm dados que confirmem o convívio e a relação entre os machos modificados e as fêmeas selvagens.