Consultório da dentista, os pacientes sentados na sala de espera aguardam sua consulta quando uma menininha entra, acompanhada de uma senhora. Ao acomodar-se em uma das cadeiras, a pessoa ao lado querendo ser cordial sorri e pergunta: " Veio colocar aparelho nos dentes?", ela imediatamente responde: "Não, vim trazer minha avó para 'apertar' o dela!".

E nessa inversão de papéis (neto levando avó ao dentista para manutenção de aparelho) lembrei a figura dos avós do passado, colocando sua dentadura dentro do copinho com água na mesinha de cabeceira, e percebi que este perfil da 'meia' idade ou da terceira idade está totalmente ultrapassado.

Felizmente as coisas evoluíram, há uma maior expectativa de vida e dentro desse contexto, a odontologia tem papel importantíssimo, pois muitas doenças podem ser evitadas através dos cuidados da saúde bucal. Conforme Aline Genro Parodes, ortodontista em Bagé (RS), aparelho dentário não é privilégio apenas dos jovens e os mais velhos também têm obtido resultados muito compensadores.

Não se trata de 'modinha', e a indicação do aparelho não é apenas para fins estéticos (embora os benefícios para autoestima do paciente sejam indiscutíveis) a prioridade maior do tratamento é a saúde, tratando ou prevenindoanomalias dentofaciais.

Segundo Dr. Luiz Felipe Sá Caye, especialista em prótese dentária na "Sá Caye Odontolgia" de Porto Alegre (RS) ajustar os espaços deixados pela perda de dentes para colocação de próteses ou implantes; ajustar o posicionamento do encaixe da maxila e da mandíbula objetivando a estabilidade da ATM (articulação temporomandibular); tratar problemas de ronco e respiratórios; ajustar os espaços entre os dentes, permitindo a correta higiene e a estabilidade do tecido gengival são alguns dos objetivos do tratamento.

Nas décadas de 70, 80 e 90 os aparelhos ortodônticosestavam fora do alcance do poder aquisitivo da maioria das famílias. As manutenções eram cobradas em número de salários mínimos, portanto, a grande maioria dos adultos e idosos que usam aparelho hoje, são as crianças e jovens que não tiveram a oportunidade de realizar o tratamento no passado.

Hoje as facilidades em termos financeiros são inúmeras, e há um crescimento do número de profissionais especializados para oferecer o serviço.

Entretanto, fique alerta, a escolha de um bom profissional é imprescindível. Ele traçará estratégias adequadas para a idade do paciente,pois existem algumas questões que diferem do tratamento dos mais jovens e que precisam ser consideradas, como por exemplo, a quantidade de osso alveolar.

Um outro detalhe importante, sobretudo para os mais tímidos e envergonhados que resistem por conta da questão "aparelho/idade" é que, há hoje no mercado, aparelhos menos visíveis e removíveis que não ficarão tão em evidência.

Segundo Fátima Martinho, especialista formada na USP Bauru que atua em Manaus (AM), o mais importante e fundamental é lembrar que os benefícios e os resultados positivos para sua saúdedevem sempre estar acima de qualquer preconceito.