A maioria das pessoas sempre acaba se rendendo aos encantos de uma paixão e, obviamente, não abre mão do prazer e da conivência mútua, provocada por um simples ato, aparentemente inofensivo, que é o de beijar. Mas será que um beijo entre as pessoas é algo tão inofensivo assim e não traz maiores conseqüências depois de ocorrido? A resposta é não para todas as perguntas.

A ciência fala que o ato de beijar pode vir acompanhado de uma doença chamada de MI - mononucleose infecciosa ou “febre glandular” ou, ainda, “doença do beijo”, oriunda como o próprio nome já diz, do beijo.

Embora tenha baixo índice de mortalidade, a manifestação da doença é de caráter agudo, sendo o agente causador desse mal, o vírus EBV - Epstein-Barr do grupo Herpes1, o qual se apresenta de modo latente, recorrente ou crônico, onde as duas últimas manifestações podem se dar simultaneamente.

O canal de transmissão do vírus é o contato com a saliva de uma pessoa infectada, havendo a penetração Viral pela boca e faringe do indivíduo, atingindo, primeiramente, o tecido linfoide da cavidade oral. Logo após disso, ocorre uma infestação viral generalizada no doente, prejudicando todo o sistema linforreticular, tais como: fígado, baço, medula óssea e pulmões. A complexa rede linforreticular dos humanos é logo a mais afetada, pois essa tem receptores específicos para o EBV.

Geralmente, nas crianças, a doença do beijo é mais tênue, por outro lado, nos adultoschega a durar 2 meses com o portador tendo o quadro clínico de febre, calafrio, inapetência, mal-estar,fadiga e sudorese. Outros indícios são a intolerância ao cigarro, náuseas, baixa tolerância a luminosidade, fortes dores de cabeça, musculares e de garganta.

A faringe do doente pode apresentar desde um simples inchaço até secreção branca-acinzentada, com o aumento progressivo dos chamados linfonodos (“caroços”) da região cervical e até o comprometimento de todo o tecido linfático com o baço aumentando de tamanho (esplenomegalia) em 50% a 75% dos casos. Já o crescimento do fígado (hepatomegalia) ocorre em somente 15% a 25% das incidências.

Alterações das funções hepáticas; edema palpebral (sinal de Hoagland), erupções cutâneas agudas (exantema) no tronco, face e extremidades são algumas de outras manifestações corriqueiras da mononucleose infecciosa.

Crianças de até 5 anos apresentam, na maioria das vezes, diarreia, otite média, pneumonia, bronquite, epilepsia, infecção do trato urinário, hepatomegalia, esplenomegalia, amidalite, faringite e linfadenopatia.

A análise do quadro clínico do paciente e exames de laboratório (detecção do anticorpo contra o vírus EBV) auxiliam na obtenção do diagnóstico. A doença em si não é curável, mas recomenda-se repouso por 3 semanas, tratamento hepático contra a dor provocada pelos vírus com o uso de corticoides e, se houver a ruptura do baço, cirurgia para a remoção do mesmo, colaboram efetivamente para o retrocesso do ataque viral.

Vacinas anti-EBV, vivas ou atenuadas vem sendo testadas em animais com sucesso, mas fato é que, um beijo realmente pode ser algo que tire a pessoa do seu estado normal, afetiva e fisicamente falando, e isso, tanto para quem o dá como para quem o recebe. Melhor pensar duas vezes antes de sair beijando todo mundo.