"Back with a vengeance", clichê da língua inglesa que significa algo como "de volta com tudo", talvez seja a melhor maneira de resumir a trajetória recente da Sífilis, uma das mais temidas doenças sexualmente transmissíveis do passado, mas que parecia eclipsada pelo surgimento dos tratamentos à base de antibióticos e o aparecimento da temida AIDS. Contudo, segundo dados do Ministério da Saúde, houve aumento superior a 5000% nos casos registrados da doença entre 2010 e 2015.

Sabe-se que a sífilis já existia no continente americano, entre as populações nativas, antes da chegada dos colonizadores europeus.

Há quem afirme que marinheiros europeus que visitaram o Novo Mundo levaram consigo a doença na volta a seu continente; outros, contudo, pensam que a doença já existia na Europa antes das viagens de Colombo e dos exploradores subsequentes, mas não tinha ainda sido identificada pelos médicos. Como quer que tenha sido, a doença é causada pela espécie bacteriana Treponema Pallidum. Entre as formas de transmissão da enfermidade, podem ser mencionadas as seguintes: de mãe para filho, por transfusão de sangue, por contato com o sangue contaminado ou pela via sexual.

Entre seus sintomas, estão feridas indolores na genitália e ínguas nas virilhas. O "voltar com tudo" também se reflete na sintomatologia da doença.

Na primeira fase da doença, os sintomas são evidentes e a doença está na sua fase mais contagiosa. Em uma fase intermediária, há a latência da bactéria e os sintomas desaparecem - podendo dar ao doente a ilusão de que se curou. Por fim, na terceira fase, a doença ataca novamente, podendo até levar à morte. Entre os estragos que ela pode fazer em suas vítimas, estão problemas cardíacos, perda da visão, perda dos movimentos, surdez, problemas mentais e problemas de pele.

Entre as formas de transmissão da doença cujos casos confirmados aumentaram, está aquela em que a criança é contaminada pela mãe durante a gestação ou durante o parto.

Segundo o doutor Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra, a mulher deve, no início da gestação, procurar um obstetra para que seja realizado o pré-natal e os exames necessários para diagnosticar a presença de qualquer doença que possa prejudicar o bebê e ser um risco para a gestação.

Ele lembra ainda que não existe vacina para a sífilis, que a única maneira de evitar a doença é a prática de sexo seguro e que não há como saber, apenas olhando para uma pessoa, se ela possui uma doença sexualmente transmissível ou não - o próprio portador pode ignorar seu mal, ainda mais se ele estiver em uma fase em que os sintomas não aparecem.