Além de manifestar seu pensamento, como é seu costume nas redes sociais, Jair Bolsonaro emitiu uma nota oficial lamentando a morte do jornalista Ricardo Boechat. Nela, o presidente, que continua hospitalizado, qualificou Boechat de um dos principais jornalistas do país e lamentou a perda imposta ao jornalismo brasileiro.

O acidente

Boechat morreu nesta segunda-feira (11), em um acidente de helicóptero que matou também o piloto do veículo aéreo, Ronaldo Quattrucci. O helicóptero caiu na rodovia Anhanguera, quando o jornalista voltava de Campinas, onde dera uma palestra.

Em sua manifestação no Twitter, Bolsonaro expressou sua solidariedade às famílias dos dois profissionais, arrancados delas tão repentinamente.

O general Hamilton Mourão, vice-presidente, também usou a rede social para apresentar sua solidariedade às famílias das duas vítimas do chocante acidente.

Como se sabe, o jornalista falecido era um dos mais conhecidos âncoras do telejornalismo nacional. Era conhecido por não se limitar a ler as notícias. Não tinha papas na língua, dava opiniões fortes e cobrava autoridades e outras figuras públicas, quando julgava necessário. Para citar um exemplo, criticou duramente a fala de Bolsonaro na sessão da Câmara que afastou Dilma Rousseff. Nesta fala, o então deputado elogiou Brilhante Ustra, oficial do Exército acusado de comandar sessões de tortura.

Além de atuar na televisão, na Rede Bandeirantes, também trabalhava no rádio, na BandNews FM, e na mídia impressa, na revista Isto É. Compreensivelmente, a TV Bandeirantes deu ampla cobertura às reações de autoridades à morte de Boechat.

Boechat era um profissional consagrado em sua área e respeitado por seus colegas. Ganhou três prêmios Esso, um dos de maior prestígio do jornalismo de nosso país, e ganhou 17 vezes o prêmio Comunique-se.

Não só foi o maior ganhador do Comunique-se, como também foi o único a vencê-lo em três áreas diferentes. Ganhou como âncora de TV, âncora de rádio e colunista de notícia. Já havia passado por veículos como O Estado de S. Paulo e O Globo.

Se o presidente da República conseguiu controlar seu gênio reconhecidamente forte para homenagear um profissional que nunca hesitou em criticá-lo, nem todos mostraram a mesma grandeza de espírito.

O jornalista Gilberto Dimenstein, em texto publicado pelo site Catraca Livre, do qual é fundador, disse que a perda de Boechat era ainda pior na era de Bolsonaro.

Os defensores do presidente não se calaram. Um exemplo é o site Conexão Política, que atribuiu o texto de Dimenstein ao suposto alinhamento entre o que chama de velha imprensa e o Partido dos Trabalhadores. Como todos lembram, o candidato petista, Fernando Haddad, foi derrotado por Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano passado.