A cirurgiã-dentista Viviane Diniz alerta para os efeitos colaterais causados pelo uso dos bifosfonatos no tratamento de pacientes com osteoporose. Formada há 19 anos, ela relata que soube dos problemas relacionados aos bifosfonatos durante o curso de especialização em implantodontia.
No artigo "Bifosfonatos: o feitiço, o feiticeiro e como ficam nossos pacientes..." publicado em 2013, o doutor em reabilitação oral Paulo Rossetti explica que os bifosfonatos são "substâncias criadas para impedir a osteoporose pós-menopausa ou as metástases em pacientes com câncer".
De acordo com Diniz, "os bifosfonatos eram utilizados para pacientes em tratamento quimioterápico de metástases ósseas". "Após um período de utilização, perceberam os efeitos colaterais de endurecimento dos ossos", explica a especialista.
"A partir daí os ginecologistas e ortopedistas foram influenciados pelos congressos de grandes laboratórios a prescreverem para os pacientes com osteoporose. Ou seja, um efeito colateral sendo usado como medicamento", alerta Diniz. "Os problemas começaram a ser descobertos quando [houveram] casos de pacientes submetidos a cirurgias ósseas de enxerto ósseo e de extração".
Viviane explica que o "bifosfonato é uma classe de uma substância química. Existem outros nomes comerciais e genéricos para o mesmo componente que causa o efeito de provocar osteonecrose dos maxilares e de endurecer a cabeça do fêmur.
São dezenas de nomes comerciais e genéricos sendo vendidos contendo componentes da família dos bifosfonatos, o mais conhecido é o alendronato".
A jovem Janislei Oliveira, 25 anos, conta que herdou uma deficiência de cálcio chamada osteogenesis imperfecta. Ela relata que foi orientada por um endocrinologista a fazer uso do alendronato.
Em sua experiência como paciente, Oliveira conta que após fazer uma cirurgia oral em 2008, não teve uma recuperação satisfatória. "Meus dois fêmures não tiveram uma boa consolidação", afirma a jovem. "Comecei a fazer tratamento odontológico, o dentista me perguntou se fazia uso deste medicamento, disse que sim. Tive restrição a implantes dentários por conta disso!
No meio do tratamento pós-cirúrgico, a fisiatra pediu para suspender o uso do alendronato. Não sabia o motivo", conclui Oliveira.
A especialista Viviane Diniz alerta para os problemas relacionados ao uso dos bifosfonatos. "Mesmo ficando-se sem tomar o medicamento por 5 anos o paciente está contraindicado a fazer uma simples extração dental, pois corre-se o risco de desenvolver osteonecrose. O mais grave é osteonecrose dos maxilares", adverte Diniz. Além da osteonecrose, outros problemas também podem ocorrer. "Náuseas, problemas intestinais e endurecimento da cabeça do fêmur, provocando fraturas por uma simples queda. Os ossos ficam mais duros, mas menos resistentes a traumas. Não ocorre a cicatrização óssea normal, pois o número de osteoblastos, responsáveis pela cicatrização óssea diminui, assim a ferida fica aberta, resultando em infecção e necrose da área operada", conclui a especialista.
Outro caso de pacientes com problemas decorrentes do uso de bifosfonato ocorreu com a mãe da paulista Leila Borchio. "Durante tempos acompanhei a minha mãe, desde o início do caso, foi quando um dentista me alertou sobre a provável osteonecrose". Ela relata que sua mãe fez uso dos bifosfonatos durante anos por recomendação médica para tratamento da osteoporose. "Ela vinha fazendo uso do alendronato devido a um quadro de osteoporose avançado que foi diagnosticado quando bem mais nova".
Os problemas tiveram início após um implante dentário. "Uns poucos anos após o implante ela começou a sentir algumas dores e uma secreção. O dentista retirou o implante. Não cicatrizava. Ele fez várias cirurgias e não conseguia cicatrização.
Ela idosa e sofrendo porque as dores e o desconforto não passavam. Então ele passou o caso para outro colega que, através de exames detectou uma provável osteonecrose". Depois de passar por todo esse transtorno, sua mãe foi orientada a procurar um cirurgião buco-maxilo-facial. "Ela iniciou um tratamento, viajou relativamente assistida, ficou um tempo maior fora do Rio [de Janeiro], e quando retornou já estava péssima, rosto inchado, deformada. As dores eram lancinantes. Retornamos ao buco-maxilo, e este, vendo que a situação estava se complicando, a encaminhou pra UERJ, para as mãos de professores da Universidade. Lá fomos esclarecidas sobre o alendronato. Já tínhamos conhecimento, mas a certeza veio de lá.
Há pouco tempo ela teve dores fortíssimas na perna direita. Estávamos fora do Rio [de Janeiro], e procuramos uma emergência. Após os exames, houve um diagnóstico de calcificação na cabeça do fêmur, ela tratou e está bem. Uma das primeiras perguntas que ele fez após fazer o diagnóstico foi se ela havia feito uso de alendronato, dissemos que sim", relata Borchio.
"Quanto à [osteo]necrose, há quase 2 anos vem se tratando com os profissionais que iniciaram o tratamento na UERJ. Ela faz aplicações de laser uma a duas vezes ao mês. Uma cura efetiva me parece que não existe, ainda mais na idade já avançada em que se encontra", conclui a paulista.
Conjunto dos riscos associados ao tratamento com bifosfonatos
Os riscos associados ao tratamento com bifosfonatos estão claramente expressos num documento elaborado pela Ordem dos Farmacêuticos de Portugal em 2012:
- Intolerância gastrointestinal manifestada por dor abdominal, náusea, vômitos, diarreia e obstipação, esofagite, disfagia e úlceras esofágicas gástricas;
- Disfunção renal;
- Cancro do esófago;
- Osteonecrose dos maxilares;
- Dor óssea, articular ou muscular;
- Transtornos inflamatórios oculares;
- Fibrilação auricular;
- Fraturas atípicas.
Previna a osteoporose sem riscos e de forma eficaz
- Apanhe sol e mantenha, todo o ano, um nível adequado de vitamina D;
- Faça atividade física diariamente.
Os exercícios que obrigam os músculos e tendões a fazerem força sobre os ossos são os mais eficazes a promoverem a calcificação do osso;
- Mantenha uma alimentação adequada, abundante em alimentos vegetais.