Em todo o mundo, diversas pessoas infectadas com o vírus do HIV controlam a doença com a chamada terapia antirretroviral (ARV), porém este tratamento não elimina completamente o vírus dos pacientes. Dados apontam ainda que das 37 milhões de pessoas no mundo que vivem com o HIV, apenas 59% recebem o ARV.

No entanto, um paciente soropositivo do sexo masculino que mora em Londres, na Inglaterra, teria se tornado o segundo em todo o mundo a ficar livre do vírus da Aids. De acordo com os médicos britânicos, o fato ocorreu depois de o paciente receber um transplante de medula óssea de um doador resistente ao HIV.

O primeiro caso em que um paciente portador do HIV apresentou remissão do vírus foi há uma década. No ano de 2009, outro adulto do sexo masculino, da cidade de Berlim, na Alemanha, também foi submetido ao tratamento de células-tronco de doadores que possuem uma mutação genética incomum na qual impede que o vírus do HIV se fortifique.

Isso significa que as células transferidas do doador para o paciente soropositivo se auto-defendem. Segundo o relato de pesquisadores para a revista científica Nature, depois de 19 meses do transplante de medula óssea e tratamento, o paciente de Londres não mostrou sinais do vírus em seu organismo.

Ravindra Gupta, autor do estudo que analisou a remissão do vírus da Aids em pacientes soropositivos, é professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

Gupta declarou para a revista científica Nature que o resultado satisfatório em um segundo paciente que usou um método semelhante mostra que o paciente de Berlim não era uma anomalia, ou seja, há a possibilidade de cura em alguns outros pacientes.

Procedimento do transplante

Em ambos os casos, em Londres e Berlim, os pacientes soropositivos do sexo masculino passaram pelo procedimento de transplantes de células-tronco em que doadores portadores de uma mutação genética impede a proliferação do receptor do vírus da Aids conhecido como CCR5, receptor mais usado pelo HIV.

A quimioterapia, tratamento deliberadamente indicado nos casos de câncer, também pode ser eficaz contra o vírus do HIV, uma vez que elimina as células infectadas que se dividem. Porém, a substituição de células imunitárias por aquelas que não possuem o receptor CCR5 pode ser a melhor maneira de evitar que o portador do vírus da Aids se recupere após o tratamento.

Embora o progresso da pesquisa permite o avanço das estratégias de tratamento, o professor e pesquisador científico Ravindra Gupta alerta que transplante de medula óssea é um procedimento perigoso e doloroso e não é uma opção viável de tratamento para todos os milhões de portadores do vírus. Portanto, a remissão do vírus do HIV apresentada nos estudos não elimina a necessidade de proteção durante relações sexuais por pacientes não infectados e o uso dos preservativos de barreira é imprescindível para evitar a contaminação da doença.