O novo coronavírus se espalhou rapidamente pela China, muitas pessoas foram infectadas e até o momento 4.643 mortes foram confirmadas. Na tarde de terça-feira (28), o Brasil atingiu um total de 5.017 óbitos por Covid-19, número maior que o do país de origem da pandemia.
Na portaria do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro perguntou a uma integrante da imprensa o que ela gostaria que ele fizesse a respeito das mortes por Covid-19. Na mesma entrevista, a jornalista disse a Bolsonaro que o Brasil havia ultrapassado a marca de mortes da China, ao presidente logo respondeu dizendo lamentar as mortes, mas logo concluiu: “eu sou Messias, mas não faço milagre”, fazendo referência ao sobrenome Messias que carrega.
Jair Messias Bolsonaro disse ainda que é solidário com as famílias das vítimas. Segundo ele, essa “é a vida” e amanhã pode ser ele um dos integrantes das estatísticas. Bolsonaro terminou sua fala dizendo que é necessário oferecer uma morte digna para que as pessoas deixem uma boa história aos seus familiares e amigos.
Mais uma vez, o presidente disse que nunca negou a gravidade da doença e repetiu que a Covid-19 infectará, provavelmente, 70% da população brasileira. De acordo com Bolsonaro, as mortes desta semana são de pessoas infectadas há duas semanas. Ele disse que não obrigará o ministro da Saúde, Nelson Teich, a adotar nenhuma medida de flexibilização do distanciamento social.
A repercussão das declarações de Bolsonaro
Foram muitas as reações dos políticos ao pronunciamento de Bolsonaro. No Twitter, declarações a favor do presidente foram registradas, assim como falas que criticam sua posição.
O vereador da cidade de São Paulo, Rinaldi Digilio, defendeu o discurso do presidente em seu perfil oficial alegando que o governo tem combatido a Covid-19 a partir dos investimentos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS).
A publicação de Digilio foi concluída com “#BolsonaroHeroi”.
1) Doei 100% de meu salário para campanha de alimentos. 2) Economizei R$ 300 mil da verba de gabinete em 3 anos. 3) A Câmara aprovou com meu voto 30% de corte de salários e verbas que irão direto pra Saúde. 4) Fui autor do projeto que destinou R$ 40 milhões da Câmara para a Saúde
— Rinaldi Digilio (@rinaldidigilio) April 29, 2020
A oposição não poupou críticas ao presidente do Brasil.
A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva disse: "Quando o presidente diz 'e daí' para mais de 5 mil mortos, sendo 474 nas últimas 24h, ao som de risadas de deboche de seus apoiadores, ou é um atestado por notória evidência de insanidade, ou é uma prova candente de falta de caráter e qualquer vestígio de sensibilidade."
Quando o presidente diz “e daí” pra mais de 5 mil mortos, sendo 474 nas últimas 24 h, ao som de risadas de deboche de seus apoiadores, ou é um atestado por notória evidência de insanidade, ou é uma prova candente de falta de caráter e qualquer vestígio de sensibilidade.
— Marina Silva (@MarinaSilva) April 29, 2020
Joice Hasselman, deputada federal pelo PSL, questionou o presidente: "E daí, presidente?
É muita falta de humanidade e de amor pelos brasileiros."
O BR tem 5.485 mortes por Coronavírus. São 474 brasileiros mortos nas últimas 24 horas. Questionado, @jairbolsonaro respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagres”. E daí Presidente? É MUITA FALTA DE HUMANIDADE E DE AMOR PELOS BRASILEIROS.
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) April 29, 2020
A situação de Bolsonaro perante a atual pandemia causada pelo novo coronavírus é complexa. Vale lembrar que na última segunda-feira (27) a juíza Ana Lúcia Petri Betto notificou o governo e deu 48 horas para a apresentação dos testes feitos por Bolsonaro para a Covid-19. O presidente disse que não testou positivo em nenhum dos exames, mas se nega a mostrar os resultados. Recentemente o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, disse que é injustificável o fato de Bolsonaro não permitir que os exames sejam divulgados.