A Covid-19 chegou aos povos ameríndios, e o Brasil está entre os países com maior concentração de contágios confirmados entre populações indígenas. No momento, entre os mortos está um adolescente yanomami de 15 anos, que foi infectado pelo coronavírus.

A situação revela que estes povos também apresentam um grande risco de contrair a doença. Com base em levantamentos realizados por Secretarias Estaduais de Saúde e a Secretaria Especial de Saúde indígena (Sesaj), o total de casos indígenas em área rural por Covid-19 é de 92 e o de mortes é 4.

A situação dos indígenas nessa pandemia do coronavírus é preocupante e profissionais de saúde buscam uma solução quase solitária para conter o avanço da pandemia nas comunidades indígenas.

No entanto, eles enfrentam o avanço do coronavírus nas aldeias e passam dificuldades.

Até as 16h desta quarta-feira (29), foram confirmados 4 óbitos de indígenas que morreram em consequência da Covid-19. O primeiro caso foi de um adolescente de 15 anos, da tribo Yanomami, em Roraima. O segundo caso foi de uma idosa da tribo Borari, de 87 anos, em Altar do Chão, no Pará, e o terceiro de um homem de 55 anos, da etnia Mura, em Manaus, na Amazônia.

Amazônia está em situação crítica do coronavírus

De acordo com o site Agência Pública, é na Amazônia em território ameríndio onde se encontra uma situação preocupante para pandemia do coronavírus no Brasil. A Amazônia Legal possui 279 territórios indígenas, que apresentam um alto grau de fragilidade em relação à Covid-19.

Segundo dados do estudo feito pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), a situação de Vulnerabilidade das terras indígenas está alta na Amazônia, Mato Grosso e Pará.

Contudo, a Amazônia, além de apresentar uma situação alta, também mostra que em relação aos outros Estados apresenta uma situação intensa maior que os demais.

O cenário é preocupante visto que dos 1.228 municípios brasileiros onde há pelo menos um trecho de terras indígenas, somente 108 possuem leito de UTI.

Para a presidente da Fundação Nacional do índio (Funai), Marta Azevedo, os indígenas estão entre as populações com maior risco para contrair a doença, devido à maior vulnerabilidade social que estes povos são submetidos.

Governo e entidades divergem sobre o número de casos de coronavírus

A Secretária Especial de Saúde Indígena reconhece quatro óbitos, entretanto, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil reconhece 10 óbitos.

O Governo registrou quatro casos, nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. Contudo, na última quinta-feira (23), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil informou que as mortes chegaram a 10.

E nove destes casos foram registrados entre 6 e 21 de abril, e eles afirmam que os números podem ser maiores se outras mortes que foram consideradas suspeitas tivesse realizado exames confirmando.

Pesquisa sobre o coronavírus no Brasil

Dados sobre o primeiro mês de casos de Covid-19 foram divulgados por um estudo internacional liderado por brasileiros, o qual revelou que 48% das infecções ocorreram entre pessoas de 20 a 39 anos.

Segundo o estudo, 10% dos 1.468 casos registrados na época precisaram de internação. Pacientes que precisaram de ventilação mecânica foram 15,6%.

De acordo com os pesquisadores que realizaram o estudo, os primeiros casos ocorreram na classe média e alta e muitos deles possuem poder aquisitivo e acesso a testes, fato que facilitou para identificar casos e fazer o isolamento e tomar os devidos cuidados.

Isto impactou na hospitalização em 10%, enquanto no mundo foi de 20%, e a maioria dos casos ocorreu no Estado de São Paulo.