Durante muitos anos cantores latinos, vindos de outros países, fizeram muito sucesso no Brasil, sendo constantemente convidados para se apresentarem nos palcos dos cassinos, nas rádios e nos programas de TV. Seus discos também eram muito bem aceitos por aqui.
Nomes como Gregório Barrios (espanhol), Ortiz Tirado (mexicano), Fernando Albuerne (cubano) e Hugo del Carril (argentino), dividiam as atenções do público brasileiro, com seu repertório de canções românticas, geralmente boleros, e atingiam fama internacional. O colombiano Carlos Ramirez era outro destes cantores que fizeram sucesso por aqui.
Baritono de voz potente, Carlos Julio Ramírez nasceu em 04 de agosto de 1916, em Tocaima, Colômbia. Desde muito cedo já demonstrava talento musical. Filho de uma família muito pobre, cantava nas ruas, igrejas e onde deixassem, em troca de algumas moedas que algum pedestre solidário oferecesse. Um dia cantando em uma barca que navegava pelo Rio Magdalena, conheceu Laureano Gomez, um político que viria a ser presidente do país. Comovido com a história do menino, ele se ofereceu para levá-lo a capital, Bogotá, onde bancou os estudos musicais dele. Ele também o matriculou em um bom colégio particular.
Porém o pai de Carlos era opositor ao regime de Gomez, e o tirou da escola. Mas Carlos Ramirez continuou na capital, em busca de oportunidades.
Em 1928, aos doze anos de idade, ele estreou na Rádio La Victor, a primeira emissora do país. Lá conheceu o maestro Efrain Orosko, que o contratou para sua orquestra, que viajou por vários países da América do Sul.
Carlos Ramirez. pic.twitter.com/qAoDLpm0oI
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Com está orquestra o cantor veio a primeira vez ao Brasil, onde permaneceu contratado pelo Cassino da Urca.
Com o dinheiro que ganhou no país, viajou para os Estados Unidos por conta própria, em busca do estrelado na América. Mas as coisas não aconteceram como ele imaginava, Carlos gastou todas as suas economias e chegou a passar necessidades nos EUA. Quando estava pronto para desistir, enfim conseguiu um contrato para cantar por quatro dias em uma boate.
No segundo dia, porém, foi contratado por um empresário para cantar no luxuoso Hotel Waldorf-Astoria, em Nova York.
E foi no palco do Waldorf-Astoria que ele conseguiu chamar a atenção de produtores cinematográficos, que o levaram para Hollywood. Eram os tempos da Segunda Guerra Mundial, e os Estados Unidos queriam firmar alianças com os países da América do Sul para usar suas posições estratégicas (e matérias primas) para facilitar suas estratégias de combate, a chamada "política da boa vizinhança". O Cinema americano fez inúmeros agrados aos sul-americanos, como os filmes de Carmen Miranda por exemplo.
Ramirez foi mais um latino que aproveitou-se desta oportunidade. Contratado pela MGM, o mais importante estúdio da época, ele estreou nas telas em grande estilo, atuando (e cantando) em Duas Garotas e um Marujo (Two Girls and a Sailor, 1943), estrelado por Van Johnson e June Allyson.
Em seguida, fez o seu filme mais famoso, Escola de Sereias (Bathing Beauty, 1944), ao lado de Esther Williams. No filme ele aparecia cantando "Bonequita Linda", um de seus maiores sucessos.
Ele ainda apareceria em Marujos do Amor (Anchors Aweigh, 1945), ao lado de Gene Kelly e Frank Sinatra; Canção Inesquecível (Night and Day, 1946) e Quem Manda é o Amor (Easy to Wed, 1946). Além de estrelar alguns curtas metragem musical. Também teve canções suas incluídas em filmes como Você Já Foi à Bahia (The Three Caballeros, 1944) e Fantasias de Amor (Where Do We Go from Here?, 1945). Em Meu Amor Brasileiro (Latin Lovers, 1953), dublou o ator Ricardo Montalban nas cenas onde ele aparecia cantando.
Carlos Ramirez e Gene Kelly pic.twitter.com/ZnsR2DPdZ7
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Carlos Ramirez e Gene Kelly pic.twitter.com/ZnsR2DPdZ7
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Em 1953, em uma de suas muitas vindas ao Brasil, atuou no espetáculo A Grande Revista, de Carlos Machado, apresentando na Boate Night and Day. Também fez apresentações na televisão brasileira, contrato pela PRF-3 Tupi.
Carlos Ramirez na TV Tupi, 1953. pic.twitter.com/R0sWNtDQtT
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Carlos Ramirez continuaria cantado até o fim da vida. Ele ainda fez mais dois filmes, atuando no espanhol Nadie Lo Sabrá (1953) e em La Gran Obsesión (1953), primeiro filme em cores feito na Colômbia.
Carlos Ramirez faleceu em Miami, em 11 de dezembro de 1986.
Tinha 70 anos na época.
Carlos Ramirez e Jane Powell pic.twitter.com/8STosSsSCP
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Carloz Ramirez e Mary Astor pic.twitter.com/ayioPdzd6H
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