Jeffrey Hunter foi um dos mais promissores galãs da década de cinquenta, e hoje é mais lembrado por ter interpretado Jesus no filme O Rei dos Reis (King of Kings, 1961).

Henry Herman McKinnises Jr, nasceu em 25 de novembro de 1926, em Nova Orleans, Louisiana. Nos tempos de escola ainda, o bonito rapaz dividia suas atividades entre os esportes e o teatro amador escolar. Na mesma época, ingressou no rádio, onde exercia as funções de locutor e rádio-ator.

Entre os anos de 1942 e 1945, viajou diversas por cidades fazendo teatro semi-profissional, mas deixou a companhia em 1945 quando ingressou na Marinha norte-americana. Como havia machucado o joelho enquanto jogava futebol americano no colégio, não lutou em batalhas durante a guerra, passando a trabalhar como técnico de rádio no setor de comunicações.

Hunter deu baixa da marinha em 1946 e foi para a Universidade. Também voltou ao teatro, atuando em produções universitárias, inclusive ao lado da atriz Ruth Gordon. Seu primeiro papel no Cinema foi em um filme independente, feito por David Bradley, um ex-aluno da universidade em que ele cursava. O jovem rapaz fez um papel não creditado, filme Julius Caesar (1950), que tinha o inciante Charlton Heston como Marco Antônio.

Ao terminar a faculdade, mudou-se para Los Angeles para fazer mestrado em ciências do rádio. Em 1950, ele estava atuando em uma peça universitária, quando foi visto por um olheiro da Fox que o convidou para fazer um teste.

Ao assistir ao teste Darryl F. Zanuck ficou impressionado com o belo rapaz, e o lhe ofereceu um longo contrato. Foi o produtor que o batizou Jeffrey Hunter.

Muita publicidade foi feita em torno de Hunter e a Fox o testou em um pequeno papel em um filme de Betty Grable, Minha Cara Metade (Call Me Mister, 1951).

Logo começaram a chegar centenas de cartas ao estúdio, eram moças apaixonadas que queriam saber mais sobre o belo ator que viram rapidamente nas telas.

Hunter então foi escalado para um papel um pouco melhor em Horas Intermináveis (Fourteen Hours, 1951), ao lado de outra aspirante a estrela do estúdio, a atriz Debra Paget. Mas seu primeiro papel relevante foi em Homens Rãs (The Frog Men, 1951), onde contracenou com outra promessa da Fox, o ator Robert Wagner.

Para promovê-los, a 20th Century Fox inventou uma rivalidade entre eles, que na verdade eram grandes amigos. Os publicitários também faziam de tudo para esconder que o novo galã já era casado com a atriz Barbara Rush, que ele conheceu quando foi fazer teste para ingressar no estúdio.

Em Montanhas Ardentes (Red Skies of Montana, 1952) fez um papel ainda maior e o público respondeu de imediato. Em seguida, Jeffrey Hunter estrelou seu primeiro filme, Um Grito no Pântano (Lure of The Wildernes, 1952), fazendo par romântico com Jean Peters. Mas o filme não foi bem de bilheteria.

Seus próximos filmes também não deram lucro, nem mesmo A Princesa do Nilo (Princess of the Nile, 1954), uma grande aposta da Fox, onde ele repetiu par romântico com Debra Paget.

Após estrelar uma série de fracassos, ele não conseguiu fazer a transição para o primeiro time dos grandes astros.

Hunter, que havia sido cotado para ser o protagonista da super produção O Príncipe Valente (Prince Valiant, 1954), perdeu o papel para o falso rival Robert Wagner. O antes queridinho do estúdio agora não gerava mais interesse, a Fox o emprestou para a Allied Artists Pictures para atuar em 7 Homens Enfurecidos (Seven Angry Men, 1955). De volta ao seu estúdio foi escalado para interpretar um índio em A Lei do Bravo (White Feather, 1955), coadjuvando Robert Wagner, o protagonista do filme.

Em Amor, Prelúdio de Morte (A Kiss Befor Dying, 1956), disputou o amor de Joanne Woodward com Robert Wagner.

Wagner era o personagem principal do filme. Mas o projeto era tão desacreditado que ficou na gaveta por um ano antes de ser lançado.

Já aceitando papéis na televisão, Hunter foi convidado por John Ford para viver o mestiço Martin Pawley, em Rastros de Ódio (The Searchers, 1956). O filme foi um grande sucesso, e Hunter voltou ao estrelato.

Após Rastros de Ódio, foi emprestado para os estúdios Disney onde fez Têmpera de Bravos (The Great Locomotive Chase, 1956), que foi muito bem de bilheteria.

A Fox voltou a se interessar pelo ator renovou seu contrato. Novamente escalado para trabalhar com Robert Wagner, estrelaram Quem Foi Jesse James (The True Story of Jesse James, 1957), dirigido por Nicholas Ray.

Hunter foi então filmar Conte 5 e Morra (Count Five and Die, 1957) na Inglaterra. Ele retornaria após as filmagens para fazer um filme na Universal, mas ficou doente e permaneceu pela Europa. De volta aos EUA voltou a trabalhar com John Ford em O Último Hurra (The Last Hurrah, 1958). Neste mesmo ano fez seu último filme na Fox, Três Encontros com o Destino (In Love and War, 1958), ao lado do amigo e colega habitual Robert Wagner.

Quando atuava em Audazes e Malditos (Sergeant Rutledge, 1960), outra produção de Ford, foi escalado por Nicholas Ray para protagonizar O Rei dos Reis (King of Kings, 1961), sobre a vida de Jesus Cristo. Hunter foi muito criticado para o papel, chegaram a dizer que ele era muito novo para protagonizar tal filme, mas na época ele tinha 33 anos, a idade de Cristo.

Apesar das críticas o filme fez muito sucesso e o ator preferiu se afastar das telas por um ano, para se desvencilhar da imagem de Jesus. Ao retornar, aceitou um papel completamente diferente, no filme de Guerra O Mais Longo dos Dias (The Longest Day, 1962), último trabalho que fez ao lado de Robert Wagner.

Na Warner protagonizou Temple Huston (1963-1964), um seriado para televisão que não foi muito bem sucedido. Sob contrato com a emissora, não pôde atuar em Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumm, 1964), de John Huston. Apesar da experiência frustrada com a televisão, aceitou fazer o piloto de uma nova série da NBC, Jornada nas Estrelas (Star Trek). Mas quando a série começou a ser produzida, ele recusou o convite e o papel acabou indo para William Shatner, que eternizou o Capitão James T. Kirk.

Na década de 60, os grandes estúdios passavam por problemas financeiros devido à concorrência da TV.

Para conter despesas, acabaram com o sistema de contratos de atores. Sem oferta de emprego, Hunter, como muitos outros atores, migraram para a Europa em busca de trabalho. Por lá, atuou em filmes de baixo orçamento em países como Alemanha, Espanha e Itália, e até em Singapura.

Durante as filmagens de O Poderoso Frank Mannata (¡Viva América!, 1969) na Espanha, feriu-se em um acidente de filmagem. Em uma cena de uma explosão de carro, foi calculado mal o uso de explosivos e o ator acabou arremessado com o impacto, sofrendo uma grave concussão na cabeça. Hunter foi levado às pressas para os Estados Unidos, onde os médicos afirmaram não ter encontrado nenhum ferimento mais grave.

Tendo retornado à América, tentou o papel de protagonista de A Família Sol-Lá-Si-Dó, mas os produtores disseram que ele era bonito demais para tal papel para a série.

Também não conseguiu emprego na novela General Hospital. Enfim conseguiu um nove emprego no filme Trágica Sentença (The Desperados, 1969), que marcaria seu retorno ao cinema norte-americano. Mas antes do início das filmagens encontrou por acaso um velho amigo dos tempos em que serviu na marinha. Durante uma brincadeira, o amigo lhe desferiu um soco no queixo, de leve, mas Jeffrey Hunter se desequilibrou ao tentar desviar, e bateu a cabeça contra uma porta. Ele não sabia que tinha um pequeno coágulo no cérebro, não detectado pelos médicos, causado pela explosão. O ator teve um AVC, perdeu a fala e ficou com a metade do corpo paralisada.

Fazendo o tratamento em casa, tentou subir sozinho alguns degraus, mas caiu e bateu novamente a cabeça e desmaiando.

No hospital os médicos tentaram reparar a fratura causada no seu crânio, mas ele acabou não resistindo. Jeffrey Hunter faleceu em 27 de maio de 1969, com apenas quarenta e dois anos de idade.

Confira um tributo a Jeffrey Hunter