Os críticos de Cinema Luiz Carlos Merten e Inácio Araújo foram só elogios ao filme "O Irlandês", de Martin Scorsese, em suas críticas publicadas no Estadão e na Folha de S.Paulo, respectivamente.
Porém, antes de comentar sobre as resenhas críticas, vale a pena saber um pouco sobre a fonte em que o filme foi baseado, o livro: “O Irlandês — Os Crimes de Frank Sheeran a Serviço da Máfia”, de Charles Brandt —o autor foi o primeiro-suplente do procurador-geral do Estado do Delaware, nos Estados Unidos.
Frank “O Irlandês”, Sheeran trabalhava para Jimmy Hoffa, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros. Hoffa era um associado da máfia.
Sheeran era seu aliado, mas acabou voltando-se contra seu protetor. Influenciado por seu “padrinho”, o mafioso Russell “McGee” Bufalino.
O Irlandês era um assassino profissional. Hoffa, um aliado, começou a falar demais e cometeu o erro de ameaçar a máfia.
O Irlandês chegou a avisar Hoffa de que ele corria perigo. Mas o sindicalista não lhe deu ouvidos. Russell “Russ” Bufalino mandou assassinar Hoffa porque, ao sair da prisão, ele queria voltar a comandar os Sindicatos dos Caminhoneiros, de olho no fundo de pensão que era de US$ 1 bilhão.
De volta às críticas de Luiz Carlos Merten e de Inácio Araújo. O filme entrou em cartaz somente em alguns Estados na última quinta-feira (14) e será exibido pela Netflix a partir da próxima sexta-feira (22).
Crítica de Luiz Carlos Merten
Merten ressalta em sua crítica que historiadores especializados em crimes ocorridos nos Estados Unidos afirmam que o livro não é confiável e que o próprio Sheeran é um mitômano.
O jornalista porém não comenta que outros críticos levam o autor a sério, o escritor é considerado um pesquisador criterioso.
Merten diz que assim como o livro “O Poderoso Chefão”, de Mario Puzo, o livro de Brandt não é excelente, porém não é ruim.
O filme de Francis Ford Coppola "é muito melhor que o romance homônimo", afirma o crítico, que acredita que o mesmo possa ocorrer agora com "O Irlandês".
Merten, que não viu o filme, somente leu a obra literária, diz que a história é boa, e mesmo com tantos livros e até mesmo filmes sobre o tema, a história da morte de Hoffa continua nebulosa.
Existem histórias como as de Kennedy e Hoffa que nunca chegam a uma conclusão, por mais que se pesquise sobre elas.
Brandt examinou todos os documentos e ouviu com atenção o Irlandês e deu lógica ao crime, lógica essa que não é aceita por todos, que por outro lado, não apresentam outra narrativa.
Inácio Araújo
A crítica de Inácio Araújo fala sobre um ponto importante, que nem todas as produções que falam sobre a máfia precisam pedir a bênção a “O Poderoso Chefão”.
Em suas outras obras sobre mafiosos, relembra Araújo, Scorsese se concentra em pequenos gangsteres.
É o oposto do que acontece em seu novo trabalho em que pela primeira vez o cineasta opta por usar um tom grandiloquente para a organização criminosa nos Estados Unidos.
A Máfia na visão de Scorsese não tem romantismo, nem as estratégias dos Corleones. Apesar de ser violenta, sangrenta e suja, ela não é simples.
Desta maneira, o crítico define Scorsese como sendo o "anti-Coppola”. Outra diferença entre os dois cineastas que o crítico aponta é em relação ao ritmo de seus filmes.
Segundo Araújo, os dois cineastas optaram por caminhos bem diversos. Enquanto Coppola dá um tratamento elegíaco, Scorsese é nervoso, como se intencionalmente quisesse se distanciar de Coppola.