O Brasil perdeu nas últimas 48 horas dois grandes nomes da Literatura policial. Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Rosa partiram deixando obras literárias de valor inestimável que marcaram a literatura nacional. Os escritores foram considerados pela crítica mestres do romance policial.

A partida de Rubem Fonseca

Segundo a família, Rubem Fonseca sofreu um infarto e foi encaminhado ao Hospital Samaritano, em Botafogo, mas, infelizmente, faleceu aos 94 anos de idade. Cronista, contista e roteirista, o escritor fez sucesso com sua forma irreverente de contar histórias, criando um jeito próprio que fez uma revolução na literatura.

O conjunto de obras escritas pelo autor fez com que ele recebesse grandes prêmios ao longo de sua vida. Rubem Fonseca recebeu o Camões, principal prêmio da literatura em língua portuguesa, e também o Machado de Assis, cedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).

Quando anunciou a premiação do autor com o Machado de Assis, a ABL disse por meio de um comunicado que o autor consagrou-se por sua forma única de escrever, com uma narrativa nervosa e ágil, ao mesmo tempo clássica e atual.

Rubem navegava entre o realismo e o policial, revelando a violência urbana que acomete a sociedade brasileira, sem perder o olhar sensível para a tragédia humana a ela subjacente, a solidão das grandes metrópoles ou para os matizes daquilo que é erótico.

No texto, a ABL elogiou seu estilo reservado, irônico e cortante, que denota um leitor clássico atento aos dias atuais.

A partida de Luiz Alfredo Garcia-Roza

O psicanalista e escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza estava internado desde o ano passado devido a um acidente vascular-cerebral. Garcia-Roza faleceu no Hospital Samaritano, mesmo hospital que Rubem Fonseca, nesta quinta-feira 16.

Aos 84 anos de idade, foi autor de livros sobre Copacabana noir, Garcia-Roza era conhecido por seus livros policiais, geralmente protagonizados pelo detetive Espinosa. A história do autor com a literatura é interessante, visto que seu primeiro trabalho foi lançado em 1996, na época, Garcia-Roza tinha 96 anos.

Entre 1996 e 2014, Garcia-Roza escreveu no total 12 romances, todos publicados pela Companhia das Letras.

Alguns dos mais conhecidos são "Achados e perdidos", "Uma janela em Copacabana", "Espinosa sem saída", "Céu de origamis" e "Um lugar perigoso". “A última mulher”, seu mais recente livro, foi publicado no ano passado.

O carioca costumava usar o bairro de Copacabana como pano de fundo para suas histórias de crime e, sem seus textos, tudo era possível. Assim, consagrou-se como um dos maiores escritores do gênero policial.

Na internet, milhares de pessoas lamentaram a morte dos escritores comentando a influência de Rubem Fonseca sobre Alfredo Garcia-Roza. Muitos famosos como o escritor e novelista Walcyr Carrasco compartilharam sua tristeza.

Certa vez, ao ser questionado sobre o vocabulário utilizado para escrever suas obras, o autor respondeu: "Eu escrevi 30 livros.

Todos cheios de palavras obscenas. Nós, escritores, não podemos discriminar as palavras. Não tem sentido um escritor dizer: 'Eu não posso usar isso'. A não ser que você escreva um livro infantil. Toda palavra tem que ser usada".