A arte ainda é algo limitado no cenário brasileiro. Muitos motivos e uma discussão infinita podem destrinchar os problemas que ocasionam o consumo baixo de arte, seja ela visual, musical ou verbal, por grande parte da população no Brasil.

Dessa forma, algumas alternativas são necessárias para contornar esse problema de alcance. É preciso inovar, seja aliando com tecnologia, saindo das galerias e invadindo as ruas ou ainda fazendo uma grande divulgação online. "É notório o crescimento desses conteúdos integrados à tecnologia, tanto nos termos culturais quanto nos de entretenimento, e eu acho isso muito legal", diz Victor Nomura, CEO da Dionisio.Ag, em entrevista exclusiva à BlastingTalks.

Contudo, os desafios de levar a arte a um ambiente mais amplo esbarram em alguns problemas que vão além do poder de mudança dos artistas. "É um problema estrutural, pois o Brasil ainda carece de cultura e educação em geral", diz Victor. "Eu vejo que essa questão cultural é o que dificulta o reconhecimento dos artistas", completa.

Confira a entrevista na íntegra.

Blasting News: O trabalho como artista no Brasil ainda é bastante difícil. Há um grande número de pessoas com talento, mas um consumo ainda limitado. Quais os principais problemas que você enxerga para que a arte alcance um público maior no país?

Victor Nomura: É um problema estrutural, pois o Brasil, ainda carece de cultura e educação em geral.

A valorização da arte, não só a visual, que é a que a gente trabalha, mas até mesmo a musical, sofre desse consumo limitado. Por exemplo, o Sepultura, que tem um grande reconhecimento internacional e pouco reconhecimento nacional. Eu vejo que essa questão cultural é o que dificulta o reconhecimento dos artistas.

Você acredita haver certa resistência à produção artística no Brasil, sobretudo com a polarização política que vivemos e um suposto alinhamento do setor artístico à esquerda?

Não acho que as questões políticas geram essa resistência. Ao meu ver, ela está associada aos produtores em si, aos serviços malfeitos e mal-acabados, e a não preocupação com estruturas, e é essa parte de falta de profissionalismo que gera um pouco de resistência. Mesmo que a maioria dos profissionais do meio estejam ligados aos movimentos de esquerda, a arte transcende independentemente da sua posição política.

O próprio Salvador Dalí, que é referência mundial, tinha fortes ideais que não eram aceitos por todos, mas sua arte foi revolucionária.

Nota-se por meio do site que a agência faz questão de ter uma forte presença online. Pensando nisso, como você vê a importância da internet atualmente para a divulgação da arte, que antes se limitava à mídia convencional?

Hoje, a presença online é super importante, não só para o meio artístico, mas para todos os setores que ofereçam serviços. É uma forma de demonstrar ao seu público todas as possibilidades e diferenciais do seu trabalho.

Conteúdos aliando tecnologia e arte têm sido uma crescente nos últimos anos. Poderia dar maiores detalhes da importância do projeto envolvendo realidade virtual e produção artística?

É notório o crescimento desses conteúdos integrados à tecnologia, tanto nos termos culturais quanto nos de entretenimento, e eu acho isso muito legal. Eu vejo essa união como algo que veio para ficar e complementar os modelos clássicos de pintura, instalação, intervenção, esculturas e artes plásticas em geral. As empresas, com suas ações de marketing, estão gerando experiências únicas e inesquecíveis ao consumidor, e a grande maioria desse tipo de interação é realizada pela tecnologia. Então você mesclar a arte com VR (Virtual Reality), realidade aumentada, hologramas e outros formatos é algo bem interessante, pois proporciona experiências tangíveis enquanto aproxima a arte com esse mundo mais moderno.

O grafite já foi muito marginalizado na sociedade, sendo considerado, inclusive, como uma forma de poluição visual das cidades. Todavia, hoje tem sido destacado como uma forma de embelezamento por grande parte da população. Quais as principais razões que contribuíram para essa mudança na sociedade?

O grafite passou por um processo de evolução natural, tanto do movimento quanto da compreensão social sobre o que ele representa. Antes, ele era muito associado com a pichação e, na verdade, as técnicas são bem distintas entre si. O grafite transmite uma mensagem e questiona algumas coisas e é uma forma de arte, já a pichação não, ela é apenas um meio de expressão. Essa conscientização social sobre a distinção do grafite e da pichação ajudou na valorização do movimento não só no Brasil, mas no mundo inteiro.