Com a atual polarização política, muitas coisas não são mais as mesmas, e nem a cultura é mais a mesma. A polêmica da vez é o filme do humorista Danilo Gentili “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, de 2017. Segundo apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), existe uma cena em que um professor, interpretado por Fábio Porchat, pede para dois alunos o ajudarem a se masturbar. Os críticos afirmam que essa pequena cena –de humor ácido– tem um cunho sexual e que não poderia estar sendo exibida dentro da plataforma Netflix, mesmo que a classificação seja de 14 anos.

Nessa última terça-feira (15), em entrevista ao programa "Morning Show", da rede Jovem Pan, Gentili chega a descrever os ataques que anda sofrendo como “máquinas de assassinato de reputação”. Ele afirma ainda que o filme tenta passar justamente a mensagem contrária à acusação que sofreu.

"A cena em questão é exatamente sobre uma pessoa que se apresenta como o melhor aluno da escola, que seria uma autoridade, pedindo coisas abjetas e absurdas para os alunos, que não obedecem o cara só porque ele é uma autoridade. Então, na verdade, em momento algum o filme faz apologia à pedofilia. O filme vilaniza a pedofilia", disse Gentili.

Para Gentili fica claro que toda essa crítica ao seu filme é uma estratégia de apoiadores de Bolsonaro para alavancar a popularidade do presidente em ano de eleição.

"Isso começou a ser incubado no domingo à noite, para que na segunda-feira pautasse a semana. Isso é um método", disse.

Gentili ainda lembrou na entrevista que antes de o filme estrear no cinema, ele precisou ser avaliado pela Coordenadoria de Classificação Iniciativa, que fez um elogio. "O órgão classificatório viu o filme e me deu a classificação de 14 anos, porque não viu uma cena de 5 segundos editada.

Eles viram uma hora e meia de filme, viram o contexto todo", comentou Gentili.

Ministério da Justiça determina a retirada do filme

Em despacho publicado nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União, o Ministério da Justiça determinou, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, a remoção do filme de Danilo Gentili das plataformas de streaming.

Caso a exibição do filme não seja interrompida em até cinco dias, o documento, assinado pela diretora do Departamento de Proteção e de Defesa do Consumidor, Lilian Brandão, estabelece multa de R$ 50 mil.