Com a proximidade do fim de ano, a história sempre se repete: começam a pipocar no catálogo da Netflix produções que a gigante do streaming espera fazer bonito na premiação do Oscar. Um dos filmes que a plataforma disponibilizou com segundas intenções foi “Blonde”, uma biografia romantizada sobre a vida da atriz Marilyn Monroe, baseada no romance homônimo da escritora estadunidense Joyce Carol Oates, que mistura fatos com situações fictícias.

Polêmicas

Mas o filme que tem a atriz cubana Ana de Armas dando vida a Marilyn Monroe está longe de ser uma unanimidade de público e crítica e vem se destacando mais por suas polêmicas do que por suas qualidades. O próprio diretor do filme, Andrew Dominik, contribuiu para as controvérsias em torno da obra. Na última terça-feira (27), o cineasta criticou um dos filmes mais emblemáticos da carreira de Marilyn Monroe, “Os Homens Preferem as Loiras” (1953).

Dominik foi entrevistado pela jornalista Christina Newland e declarou que apesar de Marilyn ter sido um fenômeno cultural, seus filmes não estavam à sua altura.

Ele questionou se as pessoas realmente assistiam aos filmes da atriz. A jornalista afirmou que tanto ela quanto seus colegas são familiarizados com a obra de Marilyn Monroe e que “Os Homens Preferem as Loiras” é um de seus filmes preferidos.

O diretor então perguntou a Newland sobre qual era o tema da produção, e a jornalista elencou uma série de adjetivos para a obra, mas o diretor salientou o cinismo que o filme apresentou em relação às mulheres. A repórter até concordou com o cineasta neste ponto, mas ressaltou que se trata de uma obra glamorosa e de fantasia. Dominik rebateu perguntando se era o fato de as mulheres no filme estarem bem vestidas, e Newland disse que sim, então o diretor comentou: “Elas são p*tas bem vestidas”.

A própria Christina Newland postou em seu Twitter a declaração do diretor da nova produção dedicada à vida de Marilyn Monroe. Ela explicou que claramente Andrew Dominik assistiu todos os filmes da atriz e estudou muito sobre o assunto e que parece não ter gostado de quase todos eles, pois elogiou somente “Quanto Mais Quente Melhor” (1959).

Boicote

A modelo estadunidense de 28 anos Courtney Stodden, admiradora de Marilyn Monroe, afirmou que não irá assistir ao filme por achar que ele não foi respeitoso com a memória da atriz. Por ser alguém que entende o que é sofrer exploração sexual, ela acredita que mergulhar no tema é algo desrespeitoso, afirmou em entrevista ao Page Six.

Desde sua estreia na Netflix, “Blonde” tem dividido opiniões.

Fãs e críticos acusam a obra de misoginia e de representar Marilyn de uma forma cruel. Em sua crítica sobre o filme no New York Times, Manohla Dargis afirmou que dado tudo que Marilyn Monroe sofreu na vida, “é um alívio que ela não tenha que sofrer com as vulgaridades” da obra da Netflix.

Maiores de 18 anos

O filme é indicado para maiores de 18 anos por, além de conter cenas de nudez, apresentar duas cenas de estupro. Logo no início da trama, Marilyn é estuprada por um produtor de Hollywood. Em outro momento, ela é obrigada a fazer sexo oral com o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, com quem ela teria tido um romance.