Apesar de haver consenso a respeito do significado de alguns números usados com certa frequência nas escrituras, há compreensões variadas. Por isso, o presente texto não se propõe a determinar um significado definitivo, apenas abordar leituras difundidas sobre os porquês do emprego de alguns números que, talvez, despertem a curiosidade do leitor.

Eis alguns deles:

2

Representa a parceria harmônica, perfeita, o dualismo no Universo: dia e noite, positivo e negativo. Na mitologia bíblica, Deus instruiu Noé a levar um casal de cada animal limpo para a arca.

3

Alguns números na Bíblia parecem ter significados parecidos como: 3, 4, 10 e 12 que estão relacionados a algum tipo de conclusão, trabalho realizado. O número em questão está associado à conclusão de um ciclo de caráter santo. Superar esse ciclo revela santidade interior e de ter alcançado a plenitude. A Terra foi concluída no terceiro dia da criação. Jonas esteve no ventre de um peixe por 3 dias. No deserto, Jesus é tentado 3 vezes por Satanás. Na via-crúcis, o ungido vai ao chão em 3 ocasiões. Outra evidência é de que Cristo morreu com 33 anos de idade e ressuscitou no terceiro dia.

Há também uma linha de raciocínio que usa um cálculo simples, mas carregado de simbolismo, para explicar a santidade do número.

É a soma de 2, dia e noite, bem e mal, complementaridade, a união carnal, humana, mais 1, o número que representa o criador, por ser único e insubstituível.

Observa-se que é corrente no texto bíblico repetir 3 vezes determinadas expressões para se dá ênfase a uma mensagem importante. Destaca-se, entre elas, a afirmação da santidade de Deus.

6

É a significação mais popular por ser usada com frequência na cultura pop para designar determinados eventos como de origem maléfica. É o número usado, no caso, 666, no livro de Apocalipse para identificar umas das feras que causaria grande tormento a humanidade. Há interpretações que indicam que a repetição tripla é a união dos 3 grandes opositores da trindade sagrada: Satanás, o Falso Profeta e o Anticristo.

Além da primeira passagem citada, há outras que indicam que o número está relacionado à imperfeição, embora não seja algo evidente em uma leitura pouco aprofundada.

Ganha corpo a tese ao se constatar que, pelas leis do Antigo Testamento, era obrigatório repousar após 6 dias de trabalho por honra ao criador por ter descansado no sétimo dia. Fato que dá margem à compreensão de que o número 6 é imperfeito por lhe faltar algo, está incompleto.

7

Se a lei sabática indica imperfeição quanto ao sexto número, o inverso ocorre com o sétimo que passa a ser sinônimo de algo completo, perfeito, sem limites e, por isso, usado com frequência para representar tudo que é santo.

É o número tido como sagrado.

Alguns exemplos nas escrituras:

Deus ordenou que se marchasse por 7 dias consecutivos em torno de Jericó e no sétimo dia se marchasse 7 vezes.

No livro de Revelação Apocalipse, é descrito que Deus tem 7 espíritos representados por 7 castiçais.

O primeiro milagre da multiplicação dos pães ocorre com o uso de 7 pães divididos em 7 cestos. E a segunda multiplicação se dá com 5 pães e 2 peixes.

Cada sétimo ano é sagrado segundo a lei do Pentateuco e depois de 7 vezes o sétimo ano comemora-se o jubileu.

8

Utilizando novamente a lógica do cálculo primário: 7, o número perfeito, sagrado, mais 1, representativo do Todo-Poderoso, igual a plenitude máxima.

Para os cabalísticos, o número 8 é transcendental, porta de acesso a outra dimensão.

Curiosamente, o 8 também goza de prestígio na cultura oriental, na China, onde o numeral é associado a prosperidade, riqueza, sucesso, não por influência cristã, mas por ter a pronúncia parecida com a palavra prosperidade em um dos dialetos usados.