A cabeça conservada em um vidro, de olhos abertos e semblante tranquilo é de um homem chamado Diogo Alves, morto em 1841. Ela está exposta na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Para quem visita a instituição é impossível passar pela cabeça de Diogo sem se sentir extremamente intrigado e incomodado.
Diogo Alves é reconhecido no país, por ser o primeiro serial killer de Portugal e curiosamente o último condenado a pena de morte por enforcamento no país.
Apesar deste ponto ser questionado por alguns historiadores, já que há dados que garantem que mais 6 pessoas foram condenadas à forca depois de Diogo Alves, entre os anos de 1842 e 1845.
O fato dele ter sido o primeiro serial killer também é questionado, pois antes dele, Luísa de Jesus, de Coimbra, matou 28 recém-nascidos e foi condenada à forca em 1772.
A vida do famoso assassino
Diogo Alvez, nasceu em 1810, em Galiza e ainda jovem, mudou-se para Lisboa à procura de um trabalho. No entanto, ao invés disso, acabou entrando para o mundo dos crimes. Era considerado um jovem esperto que costumava assaltar humildes fazendeiros que iam à cidade vender os seus produtos.
O grande "diferencial" de Diogo Alvez, é que após roubá-los ele matava as suas vítimas e jogava seus corpos no Aqueduto das Águas Livres.
Cerca de 70 pessoas foram mortas dessa maneira pelo assassino em série, e os casos nem chegaram a ser investigados pela polícia na época, pois acreditou-se tratar de uma onda de suicídios, já que os mortos eram todos vendedores pobres. O que não fazia sentido para os policiais que investigavam as mortes era justamente o fato de serem pessoas humildes, quem teria interesse em assaltar e matar apenas pessoas simples?
Depois dessas mortes ele decidiu mudar de estratégia, se reuniu com outros criminosos e passou a invadir residências. Em fevereiro de 1841, em uma dessas invasões ele acabou sendo preso, depois de ter matado todos os moradores da casa.
Mas por qual motivo a cabeça de um criminoso foi mantida conservada em uma faculdade de medicina?
Nos anos de 1700, o médico alemão Franz Joseph Gall, iniciou alguns estudos sobre frenologia, que na época era considerada uma pseudociência e buscava entender a relação entre a estrutura do cérebro e os traços da personalidade de uma pessoa. Para os estudiosos da frenologia, a cabeça de uma pessoa criminosa poderia ter características específicas que indicassem e/ou justificassem a personalidade transgressora, como, por exemplo, nódulos cerebrais que poderiam ser apalpados.
Não se sabe, até hoje, se de fato tais pesquisas foram realizadas no cérebro de Diogo Alves, mas sabe-se que foi a intenção de estudar a cabeça de alguém com grande histórico criminoso e cruel que fez com que sua cabeça foi preservada.
Diogo Alves e sua história de crimes é tão famosa em Portugal, que sua vida já inspirou livros e um filme, "Os Crimes de Diogo Alves", lançado em 1911.