Praticamente todo mundo no Ocidente conhece a história de Adão e Eva, que a Bíblia diz terem sido o primeiro homem e a primeira mulher, dos quais descende toda a Humanidade. Ainda segundo a Bíblia, Adão foi criado primeiro, do pó da terra, e Eva foi criada depois, a partir de uma costela de Adão.
Depois de definir quais dos muitos textos circulando entre as comunidades cristãs deviam ser aceitos como oficiais e reunidos na Bíblia, a Igreja tratou de tentar eliminar os textos, que por causa de seus ensinamentos ou de dúvidas quanto às suas origens, não foram incluídos na Bíblia.
Alguns desses escritos, porém, acabaram sobrevivendo até os dias atuais. Um desses textos, encontrado na metade da década de quarenta em um sítio arqueológico no Egito junto com outros textos não aprovados pela Igreja, conta uma história dos primeiros seres humanos um pouco diferente daquela contada acima.
O texto afirma que, antes de Eva, Adão teve outra esposa, chamada Lilith – esta teria sido a primeira mulher a ser criada. Segundo essa versão, Lilith e Adão foram feitos por Deus a partir do mesmo material e, por essa razão, Lilith recusou-se, apesar das ordens de Deus, a submeter-se a Adão. Ela deixou o Jardim do Éden, levando Adão a comunicar a fuga dela a Deus, que então enviou três anjos, Sansavi, Sanvi e Samangela, no encalço da fugitiva para trazê-la de volta ao Éden e, consequentemente, a Adão.
Os três anjos, contudo, voltaram à presença de Deus com as mãos abanando e disseram que a primeira mulher havia se recusado a retornar ao Éden. Deus, então, criou outra mulher para fazer companhia a Adão, aquela de que quase todo mundo já ouviu falar, Eva, para fazer companhia ao primeiro homem, que estava novamente solitário.
Para evitar que essa segunda mulher também se rebelasse contra seu papel de submissão a Adão, em vez de fazê-la do mesmo material de que Adão e Lilith haviam sido feitos, Deus fez Eva da costela de Adão.
A história de Lilith, além de ser conhecida nos meios herméticos judaicos, teve influência no folclore das culturas judaica e muçulmana, em que Lilith é considerada um demônio que atua à noite.
Apesar de terem os evangelhos gnósticos recusada sua admissão à Bíblia, algumas das traduções do livro sagrado de judeus (só o Antigo Testamento) e cristãos parecem fazer referência a uma mulher anterior de Adão. Por exemplo, algumas traduções do vigésimo terceiro versículo do segundo capítulo do livro de Gênesis apresentam Adão afirmando que "esta (Eva) sim é osso dos meus ossos", o que sugere que alguma esposa (ou candidata a esposa) anterior de Adão não era "osso dos ossos" do primeiro homem. A história de Lilith, se verdadeira, pode explicar a afirmação de Adão.