"Pokémon" é um grande sucesso entre as crianças. Disso ninguém duvida. Os simpáticos monstrinhos saíram do Japão para conquistar o mundo e estão inseridos na cultura e no dia-a-dia dos brasileiros, americanos e europeus através de desenhos animados, filmes, jogos (como ‘’Pokémon Go!’’) e objetos colecionáveis.
No entanto, nem sempre a franquia criada por Satoshi Tajiri foi uma unanimidade entre o público. Ao longo de seus mais de 20 anos, a saga de Ash e Pikachu passou por alguns percalços e sofreu duras críticas. Especialmente após um episódio que levou mais de 600 crianças a serem hospitalizadas no Japão.
Na verdade, muito antes disso acontecer, os monstrinhos já sofriam com as críticas e acusações de sua influência negativa sobre as crianças. Para muitas religiões evangélicas neopentecostais no Brasil e nos Estados Unidos, o anime é considerado satânico. As alegações são de que os Pokémon seriam demônios.
Nesse sentido, outras religiões também criticaram a franquia japonesa pelo uso de símbolos negativos, como a suástica. Até a todo-poderosa Igreja Católica deu seu aval em relação ao ‘’Pokémon’’. O Papa João Paulo II chegou a fazer duras críticas ao desenho, afirmando que ele ia contra a Bíblia. Mas em 2000, o Santo Padre voltou atrás e acabou por abençoar o monstrinhos afirmando que ele eram apenas o fruto da imaginação fértil de seus criadores.
"Pokémon" também sofreu com acusações de racismo por conta da pele negra do personagem Jinx. Indo ainda mais longe, entidades protetoras do animais consideram que o anime pode incentivar as crianças ao maus-tratos de animais, chegando a comparar as batalhas entre os Pokémons a rinhas de galo.
Alguns países chegaram a ensaiar a proibição do desenho.
Apesar das críticas, o anime fez bastante sucesso entre as crianças. Para piorar toda essa mística negativa em torno do anime, um episódio lançado em 16 de dezembro de 1997 causou um verdadeiro rebuliço no Japão, levando centenas de crianças a serem hospitalizadas.
O causador dessa verdadeira confusão foi o episódio 38 de ‘’Pokémon’’, exibido no pais asiático na data mencionada acima.
Na época, o desenho nem era exibido no Brasil, mas a fama de que o desenho seria algo demoníaco logo se espalhou pela imprensa.
A explicação para as hospitalizações, claro, não tem nada a ver com religião, maldições ou coisa desse tipo. O que aconteceu foi o uso excessivo e indiscriminado de luzes durante uma cena específica daquele episódio. Tudo aconteceu quando Pikachu, o monstrinho mais querido e popular da série, soltou uma grande descarga elétrica.
O jogo de luzes e cores durou apenas 6 segundos na tela da TV, mas foi suficiente para estimular a retina das crianças que o assistiam e causar náuseas, tonturas e até convulsões nas crianças. O evento quase acabou com a carreira da série. A exibição foi suspensa por quatro meses no Japão e os responsáveis pelo desenho tiveram que se explicar.
Apesar da repercussão negativa, o fato serviu para que as produtoras de televisão do Japão e no resto do mundo se dessem conta dos perigos do uso descontrolado de efeitos luminosos nos desenhos animados. Assim, medidas foram tomadas e até hoje os Animes e outros desenhos diminuem o contraste e o brilho das cenas quando ocorrem explosões e outros tipos de efeitos luminosos.
Ou seja, apesar de ter sofrido com acusações e de críticas, ‘’Pokémon’’ continuou a fazer sucesso mundo à fora e ainda ajudou a indústria televisiva a estabelecer regras e padrões para garantir a segurança e a saúde das crianças.