Na última semana, uma pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores brasileiros e estrangeiros sobre os reflexos do auxílio emergencial mostrou que os resultados são insuficientes para conter o avanço da pandemia. Esse grupo concluiu que o auxílio emergencial de R$ 600 fornecido pelo Governo Bolsonaro, através do Ministério da Economia e o Ministério da Cidadania, não tem sido suficiente para proteger a saúde física e financeira dos trabalhadores que se encontram em situação de baixa renda nesse momento em que o país passa pela crise sanitária gerada pelo coronavírus.
Auxílio emergencial foi criado para dar suporte
O auxílio emergencial no Brasil foi criado logo no início da pandemia da Covid-19, que surgiu na cidade de Wuhan, na China, e migrou para vários países no mundo. Seu objetivo é dar suporte a todos aqueles que estão impossibilitados de realizar atividades rentáveis devido ao fechamento do comércio em suas mais diversas áreas. Muitos dos contemplados a receber o benefício ou fazem parte do programa Bolsa Família, bem como aqueles que são microempreendedores individuais (MEI) ou ainda são trabalhadores informais são responsáveis por sustentar boa parte da economia brasileira.
O benefício do governo é uma ferramenta essencial para incentivar a população mais vulnerável a ficar em casa por mais tempo e consequentemente evitar a infecção e a propagação do coronavírus.
Porém, segundo a pesquisa, esse objetivo não está sendo alcançado, pois os resultados mostram que um grupo de 1.654 moradores de oito regiões brasileiras que são beneficiários do auxílio emergencial continuaram saindo de casa com a mesma frequência daqueles que não receberam o benefício. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Beneficiários saem com mesma frequência dos não contemplados
Para os pesquisadores, o momento atual é preocupante, em especial, porque não há evidências de que a pandemia da Covid-19 esteja controlada e já faltam poucos meses para o fim do auxílio emergencial, além disso, o governo pretende reabrir o mercado mesmo diante da crise sanitária de extensão global.
De acordo com a pesquisa, os beneficiários que não têm empregos formais saíram as ruas justamente quando devia ficar em casa, em especial para ir ao banco sacar ou tirar dúvidas sobre o auxílio emergencial, fazer compras, fazer visitas diversas, praticar esportes dentre outras atividades externas a sua residência.
Outro fator destacado pela pesquisadora é que as consequências geradas pelo auxílio foram a formação de enormes as filas e aglomerações em todas as agências da Caixa Econômica Federal e demais bancos brasileiros. O aplicativo Caixa Tem, também, apresentou problemas. Além destes, a pesquisa mostrou que houve falhas na distribuição de cestas básicas para a população que detém uma baixa renda.
Pesquisa revela que auxílio emergencial não ajudou a conter a pandemia
A pesquisa foi realizada por um grupo de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas, a Universidade de Oxford e o Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP, durante todo o mês de maio quando foram adotadas medidas de distanciamento social para conter o avanço do novo coronavírus (covid-19).
Os principais estados do país a responder à pesquisa (por telefone) sobre a frequência com que saiam as ruas durante a pandemia foram: Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Para a cientista política Lorena Barberia, da USP, o auxílio emergencial poderia ter contribuído de forma mais protetiva se estivesse sendo acompanhado por medidas complementares mais estratégicas, como o atendimento dos beneficiários em suas residências, evitando assim a necessidade de eles terem de sair de casa para comprar alimentos ou buscar o dinheiro do auxílio emergencial nos bancos, por exemplo.