Nesta última quarta-feira (15), os economistas André Jakurski, da gestora JPG, Rogério Xavier, da SPX Capital, e Luís Stuhlberger, da Verde Asset Management, estiveram em evento onde estava também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Os três economistas são referência no mercado financeiro e se mostraram favoráveis a uma possível mudança na meta da inflação brasileira.

A concordância dos três deram peso ao time de analistas que concordam com um aumento na meta para que a economia brasileira avance, conforme tese defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem tecido críticas ao BC (Banco Central) e a Roberto Campos Neto, atual presidente da instituição.

Meta de inflação: divergência de opiniões

Apesar de muitos agentes do mercado se colocarem em uma posição refratária para as discussões sobre a elevação da meta de inflação, defendida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), outros aderiram ao discurso do presidente Lula. Chefes de grandes gestoras de investimentos endossaram a tese de Lula de que a meta fixada em 3,25% para este ano de 2023 está muito baixa.

e o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, a decisão se configura em erro e que não havia negação na analise da inflação, pois esse assunto já era discutido e dividia opinião entre os agentes do mercado, porém o tema passou a ganhar maior repercussão, devido as declarações feitas pelo atual presidente da República, Lula (PT).

De acordo com o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, o aumento da meta de inflação irá alterar as expectativas e consequentemente vai exigir que o BC aumente a Selic, provocando um efeito contrário, porque a taxa de juros terá que subir. O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, por sua vez, defende que a ideia de elevar a meta de inflação representa um erro e salienta a importância de cuidar da questão fiscal e estruturar reformas.

Manifesto contra alta da Selic é assinado por mais 3,6 mil economistas

Por outro lado, o economista Antônio Corrêa de Lacerda, conselheiro e ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), considera a alteração uma medida positiva para a economia do país. Segundo Lacerda há um "desconhecimento" de teorias e isso tem provocado essa divisão de opiniões.

O ideal, segundo ele, seria estudar as causas, o núcleo da inflação e estipular uma meta em torno de 4%, com margem de 2 pontos percentuais. Em sua visão essa pode ser uma meta "realizável". Lacerda é signatário do manifesto lançado contra a alta da Selic.

O documento manifesto, assinado por mais de 3,6 mil economistas, afirma que “a taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis”. Economistas como Monica de Bolle, Luiz Gonzaga Belluzzo, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Luciano Coutinho estiveram à frente do manifesto contra o BC.

Segundo informações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, o presidente Lula foi aconselhado por aliados a dar uma trégua nas críticas ao Banco Central e Roberto Campos Neto.

Campos Neto elogia a postura política econômica de Lula

Diante dos ataques do presidente Lula, Campos Neto afirmou que é preciso ter mais boa vontade com o governo e elogiou a postura de Lula frente à política econômica do país.

"O investidor é muito apressado, muito afoito. A gente tem que ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Tem uma boa vontade enorme do ministro Fernando Haddad [Fazenda] de falar, 'olha, nós temos um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina'. Tem um arcabouço que está sendo trabalhado, já foram elaborados alguns objetivos", disse Campos Neto durante evento do banco BTG Pactual que ocorreu na manhã de terça (14).