O número de reclamações na internet por parte de clientes das empresas financeiras Nubank e PicPay cresceu nos últimos dias. Os usuários reclamam do sumiço repentino do dinheiro relativo ao Auxílio Emergencial que já estava depositado em suas contas correntes.

A Nubank e o PicPay vieram a público prestar esclarecimento e apontaram que o problema é fruto de erro da Caixa Econômica Federal, enquanto o tradicional banco se defende e afirma que não ouve falhas no seu sistema bancário. O sumiço do dinheiro relativo ao Auxílio Emergencial ocorreu nas contas dos usuários sem maiores explicações prévias.

As denúncias dos clientes começaram a ganhar volume nas redes sociais no dia 7 de julho. O Auxílio Emergencial é o programa de ajuda emergencial conduzido pelo Governo federal para dar cobertura aos profissionais que sofreram revezes econômicos com a imposição das medidas de isolamento social em virtude da pandemia do novo coronavírus.

Nubank fala sobre sumiço de Auxílio Emergencial

O governo federal, para tentar driblar o aumento do número de filas em agências e lotéricas em virtude da pandemia do novo coronavírus, limitou o uso do Auxílio Emergencial por parte dos beneficiários a apenas pagamentos de boletos e compras virtuais, impedindo o saque em um primeiro momento.

Para driblar essa situação, usuários da Nubank utilizaram os recursos da fintech de geração de números de boleto para fazer o depósito em sua conta-corrente e assim usufruir do auxílio livremente, inclusive com direito a saques em terminais de autoatendimento.

A Nubank informou que usufruindo do artifício de depósito por pagamento de boleto, os seus usuários receberam uma quantia superior ao valor devidamente correto. Diante da situação, a fintech diz ter informado aos clientes antes de ter feito o estorno do valor depositado na conta-corrente dos usuários de volta para a poupança digital da Caixa Econômica Federal.

PicPay dá explicação diferente para sumiço do Auxílio Emergencial

A fintech Picpay anunciou em relato oficial que as causas dos estornos do Auxílio Emergencial das contas de seus clientes ocorrem por consequência de erros no sistema financeiro da Caixa Econômica Federal. Segundo a empresa, "se a Caixa tiver debitado o valor utilizado para a transferência, o estorno deverá ser realizado pelo próprio banco".

A Picpay afirma que um pequeno percentual das operações financeiras feito com aplicativo Caixa Tem não é concluído em função da lentidão e demora do sistema financeiro da Caixa em realizar as operações financeiras relativas ao Auxílio Emergencial.

No dia 7 de julho, a hashtag #PicPayDevolverMeuDinheiro foi um dos assuntos mais comentados no Twitter. Vários usuários da rede social denunciaram o sumiço do dinheiro e fizeram memes acerca do "confisco" do dinheiro de suas contas na Picpay.

Caixa se defende e acusa as fintechs de 'sumiço' do Auxílio Emergencial

Cláudio Salituro, vice-presidente da Caixa Econômica Federal, em live realizada pela instituição para prestar contas dos procedimentos e balanços pela Caixa no que tange o pagamento do Auxílio Emergencial, refutou veemente os argumentos dados pela Picpay e Nubank.

Segundo Salituro, a responsabilidade pelo sumiço do dinheiro nas contas correntes das instituições financeiras é responsabilidade exclusiva delas.

O vice-presidente afirmou que a partir do momento que o dinheiro está na conta-corrente dos clientes dos bancos, ele é responsabilidade e posse integral dos usuários dono da conta-corrente.

"Quando o dinheiro sai da Caixa e vai para alguma instituição financeira, e entrou na conta do cliente, o custo diante daquele dinheiro é da empresa que recebeu o crédito. Quando entra na conta-corrente da Caixa ou outra instituição financeira, esse dinheiro pertence ao cliente e não pode ser retirado, na nossa avaliação”, afirmou Salituro.

O executivo ressaltou que foi um problema pontual e de resolução temporária.

Portanto, a situação deve ser prontamente resolvida.

Pagamentos duplicados geraram o equívoco

A Caixa Econômica Federal notou que os clientes do Nubank e PicPay estavam fazendo pagamento duplicados de boletos relativos ao Auxílio Emergencial. Como os pagamentos foram feitos duas vezes, os beneficiários com conta na Nubank e PicPay acabaram recebendo um valor maior do que aquele do qual tinham direito.

Dessa forma, a Nubank, sem aviso prévio, retirou o dinheiro da conta dos clientes no qual a Caixa havia notado a irregularidade. Já a PicPay, reteve o valor sem repassá-lo aos clientes.

Como a retirada de dinheiro da conta-corrente dos clientes da instituição financeira é indevido, por mais que as instituições não tenham se dado conta da irregularidade da transação quando ela foi processada, é direito do cliente pedir suporte aos canais de atendimento das instituições e, caso não seja resolvida a situação, fazer a denúncia junto ao Banco Central ou ao Procon (Instituto de Defesa do Consumidor).

Como a Caixa efetua o pagamento do Auxílio Emergencial?

Os pagamentos são feitos primeiro em poupanças digitais e só podem ser utilizados para pagamentos de boletos ou compras feitas na Internet, não podendo ser sacado como dinheiro físico em terminais de autoatendimento.

Apenas em uma segunda data, definida posteriormente, que o dinheiro fica disponível para saque e pode ser usado da maneira que o beneficiário desejar.

O saque pode ser feito em qualquer agência Caixa ou terminais de banco, além de transferências bancárias, como TED e DOC. A liberação do dinheiro na segunda fase é feita de acordo com a data de aniversário do beneficiário. Portanto, o beneficiário deve ficar atento com as datas e os anúncios de liberação por parte do governo para poder usufruir do Auxílio Emergencial.

Para os que fizeram o cadastro junto ao app da Caixa Tem, é necessário fazer o acompanhamento diário da validação do pedido de seu Auxílio Emergencial para saber de sua aprovação.

Os usuários de bancos digitais precisam ficar atentos, junto à sua instituição financeira, para que o depósito em conta feito em pagamento de boleto bancário não seja posteriormente estornado.