Na cúpula do grupo Brics na África do Sul, nesta quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a criação de uma moeda comum para facilitar transações comerciais entre os membros do grupo e, ao mesmo tempo, criticou o sistema financeiro internacional vigente.
"A criação de uma moeda para as transações comerciais e de investimento entre os membros do Brics aumentam as nossas opções de pagamento e reduzem nossas vulnerabilidades", destacou Lula, ressaltando os benefícios econômicos potenciais dessa iniciativa.
Lula quer menos dependência ao dólar
Essa proposta busca não apenas fortalecer os laços entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mas também diminuir a dependência dessas nações em relação ao dólar americano, que historicamente tem sido a moeda predominante nas transações internacionais. Lula enfatizou a necessidade de maior autonomia financeira e a importância de construir alternativas sólidas para promover o desenvolvimento sustentável.
O líder brasileiro não poupou críticas ao atual sistema financeiro internacional, descrevendo-o como desigual e prejudicial para as nações em desenvolvimento. Lula apontou o absurdo dos altos juros cobrados desses países, enfatizando que os encargos financeiros muitas vezes são até oito vezes superiores aos praticados nas nações economicamente avançadas.
"Precisamos de um sistema financeiro internacional que ao invés de alimentar as desigualdades ajudem os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais", ressaltou o presidente. Ele defendeu a necessidade de uma abordagem mais justa e equitativa para que as nações emergentes possam avançar rumo a um crescimento sustentável.
Outro destaque do discurso de Lula foi o reconhecimento do papel fundamental do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco do Brics. O banco, presidido por Dilma Rousseff, foi elogiado por Lula como uma fonte de financiamento sob medida para as demandas do Sul Global. Ele expressou confiança na capacidade do banco de enfrentar os desafios e contribuir para o progresso das nações membros do Brics.