Uma das cenas marcantes da Eurocopa, disputada em 2004, foi o goleiro português Ricardo defender um pênalti sem luvas durante a decisão de uma vaga nas semifinais contra a Inglaterra. Comandado pelo técnico Luiz Felipe Scolari e ainda com um jovem Cristiano Ronaldo, Portugal jogava em casa e buscava a inédita conquista.
Quinze anos depois, o guarda-redes relembra o que motivou a abandonar as luvas na hora da cobrança decisiva, executada por Darius Vassell.
“O momento de tirar as luvas foi instintivo”, relembrou o goleiro à agencia Lusa. Ele falou que esta foi a maneira arranjou para motivar a si mesmo e desmotivar o adversário.
Em relação aos conselhos que supostamente teriam sido dados por Eusébio antes da marcação das grandes penalidades, Ricardo admitiu que a conversa visou tranquilizar o “Pantera Negra”, em cuja memória se instalava o duelo entre as mesmas duas seleções, no Mundial de 1966.
Emoção até o fim da prorrogação
Antes, é preciso relembrar como foi aquele épico duelo contra os ingleses, disputado no Estádio da Luz, em Lisboa. Logo aos três minutos, Owen abriu o placar a favor da equipe inglesa, que manteve a vantagem até os 37 minutos do segundo tempo, quando Postiga escorou cruzamento de Simão para deixar tudo igual e levar o jogo para a prorrogação.
Já no segundo tempo da prorrogação, Rui Costa fez bela jogada e da entrada a área acertando um belo chute, no ângulo, para virar o marcador a favor dos donos da casa. Mas ainda não tinha acabado e, após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Lampard, que girou e bateu sem chances para o goleiro português.
Com o empate a disputa foi para as penalidades, onde na primeira cobrança, o astro inglês David Beckham isolou a bola. Na sequência todas as cobranças foram convertidas até chegar na de Rui Costa, que fecharia a série e bastava ele converter para que Portugal se classificasse, mas o camisa 10 chutou longe do gol, fazendo com as cobranças passassem a ser alternadas. Na primeira série alternada cada time converteu.
Na cobrança inglesa seguinte, veio o momento, que para Ricardo, foi o mais impactante da competição.
Abandonou as luvas
Na sétima cobrança a ser executada pelo time inglês, Ricardo simplesmente abandonou seu assessório e foi com as “mãos nuas” buscar a consagração. E com um grande salto no canto esquerdo, ele conseguiu parar o chute do adversário, mas tem uma lamentação a fazer. “Quem nos dera que aquele jogo tivesse sido a final (...) Teria sido a cereja em cima do bolo, em termos de emoção e espetáculo”, disse.
Quinze anos depois ele diz que nunca falhou em penalidades e que naquele momento não poderia falhar. Ele também recusa a alcunha de “herói”, creditando a conquista da vaga para a semifinal a todos os jogadores.
“Todos nós tivemos (esse papel). Não gosto de individualizar.”, falou.
Coube ao próprio Ricardo executar e converter a sétima cobrança de Portugal, o que classificou o time da casa para a semifinal, contra a Holanda, onde venceram por 2 a 1, mas na decisão, contra a Grécia, eles foram surpreendidos e perderam por 1 a 0.