Depois de um período sem conceder entrevistas, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, concedeu uma entrevista coletiva no final da tarde desta quarta-feira (18) no CT Pedro Antônio, na Barra da Tijuca, logo após o treino da equipe de Futebol profissional. Durante o encontro, o mandatário apresentou tudo o que foi feito pela atual gestão nesses seus primeiros cem dias à frente do clube das Laranjeiras.
Vários assuntos foram abordados, como o destrinchamento da venda de Pedro para a Fiorentina, da Itália, novo fornecedor de material esportivo, programa sócio-futebol e um apelo ao torcedor.
Confira, abaixo, os principais trechos da longa entrevista de Mário Bittencourt:
Comitê de crise e captação financeira
"Encontramos um cenário de quase 90 dias de atraso e com muito fornecedores reclamando, como luz, gás, plano de saúde dos funcionários. Criamos um comitê de crise, fizemos muitas medidas emergenciais e outras que estavam previstas no plano de gestão. Nossa equipe vem do mercado financeiro e tem muito bom relacionamento. Isso abriu portas para que a gente conseguisse fazer algumas antecipações nesses primeiros três meses. O que ajudou a pagar a folha e alguns acordos", disse o presidente.
Estampa na camisa em jogo contra o Corinthians
"Se deu em razão de uma dívida que o Botafogo tem com o Reinaldo e repassou para o Fluminense em função de uma pendência com o Engenhão.
A dívida não foi paga e tomamos uma penhora em cima da Flufest, tanto nossa como dos parceiros que estavam trabalhando lá e não tinham nada com isso. Fizemos esse acordo para estampar na camisa e fizemos uma economia de R$ 1,225 milhão. Deixamos de ter essa dívida com a Justiça do Trabalho", comentou.
Detalhamento da venda de Pedro
"No ano passado ele recebeu uma proposta de 18 milhões de euros, e o Fluminense teria direito a metade desse valor. Ele se machucou e o negócio acabou não acontecendo. Quando chegamos, colocamos uma condição: queríamos um valor sobre a nossa parte e uma porcentagem para venda futura. Queríamos pelo menos 8 milhões de euros.
Conseguimos. Além disso, ficamos com 20% dos direitos econômicos para lucrar com uma futura venda e, lá na frente, dividiremos o valor com o Artsul. Para valores de mercado, consideramos uma venda muito boa", completou Bittencourt.
Futuras vendas
"O clube vive uma grave crise financeira, então não podemos perder mais jogadores mais para frente por motivos jurídicos. A dívida do clube é muito grande, então vamos ter que continuar a fazer essas vendas. Nosso objetivo é que lá, na frente, a situação esteja melhor, para que possamos fazer essas vendas com menos frequência", destacou o presidente.
Projeto Laranjeiras
"Fiz uma reunião com o grupo e foi excelente. Estamos criando uma comissão interna para avaliar tecnicamente o projeto e trabalhar junto.
O grupo que me apresentou foi muito correto e disse que o projeto é para a instituição. Deixei claro que aquele é um projeto, mas o Fluminense está aberto a outros. Por isso, vamos criar essa comissão para avaliar. Vai passar por viabilidade financeira, estrutural... Somos defensores, se houver essa viabilidade", dissertou Bittencourt.
Novo fornecedor de material esportivo
"A Under Armour já anunciou que não ficará não só no Fluminense, mas no futebol de uma maneira geral. Temos uma procuração da empresa para negociar com um novo parceiro. Estamos negociando. A tendência é que apresentemos o novo uniforme na primeira quinzena de 2020", destacou.
Sócio futebol e apelo ao torcedor
"Essas medidas de promoções, de aproximação da torcida, serve para dar uma degustação ao nosso torcedor para sentir a reação dele.
Estamos estudando tudo isso para apresentar um plano (sócio-torcedor) consolidado a partir de 2020. Desde que assumimos, tivemos sete jogos no Maracanã, com média de 28 mil pessoas e ticket médio de R$ 24,96. Se tivéssemos essa média de público aderindo ao Sócio Futebol, conseguiríamos pagar a folha do futebol. Nós mantivemos a promoção do jogo contra o Avaí para os próximos dois jogos (santos e Grêmio). Se tivermos um bom retorno, vamos manter a promoção", ponderou Mário.
Patrocínio master
"O uniforme do clube é dividido por propriedades: a manga, as costas, o master, a barra, o calção... O Fluminense tem um parâmetro de quanto custa seu uniforme. Fomos procurados por duas empresas interessadas, mas não podemos entregar as nossas propriedade por um valor muito baixo.
Cria uma concorrência desleal com quem já está nos patrocinando. As conversas continuam. Se não fecharmos agora, deixaremos para 2020 em um valor que seja justo para o clube. O nosso maior patrocinador é o sócio. Precisamos muito dessa ajuda", finalizou o presidente.
Celso Barros confia em permanências
Além de Mário Bitetncourt, o vice-presidente geral, Celso Barros esteve presente à entrevista coletiva e falou sobre a permanência dos volantes Allan e Caio Henrique. Segundo o dirigente, as conversas permanecem e existe a possibilidade de ambos seguirem nas Laranjeiras no ano que vem.
"O Allan tem um representante no Brasil e estamos conversando. O Caio Henrique é representado pelo Deco, que tem um ótimo relacionamento conosco.
As conversas estão ocorrendo e há chance de eles ficarem com a gente no ano que vem", resumiu o vice-geral, que também teceu comentários sobre as negociações relacionadas ao patrocinador master.
"Se você vai na Rua da Carioca, tudo aquilo fechou. Até o famoso Bar Luiz está fechando. No momento de crise não é fácil arrumar patrocínio. O Mário comentou muito bem a questão do sócio. Com um valor de R$ 30 você ajuda o clube. Se a torcida não ajudar, fica difícil", explicou.
Dentro de campo, o Fluminense se prepara para a 20ª rodada do Campeonato Brasileiro. Após vencer o Corinthians por 1 a 0 no último domingo, em Brasília, e chegar aos 18 pontos, subindo ao 16º lugar, deixando, momentaneamente, a zona de rebaixamento, o Tricolor, no próximo domingo, encara, a partir das 19 horas (de Brasília), no Serra Dourada, o Goiás.