Logo após a saída de cubanos do programa Mais Médicos em novembro de 2018, foram abertas vagas para ocupar os cargos. Elas foram reservadas a médicos formados no Brasil e as as que não fossem preenchidas seriam ofertadas a médicos que estudaram fora do país.

Em novembro um edital foi aberto para ocupar as 8.517 vagas que foram deixadas pelos cubanos. No total, 7.120 vagas foram preenchidas por brasileiros formados no país e 1.937 oferecidas a profissionais formados no exterior.

Essas vagas foram destinadas a 2.824 municípios e 34 distritos indígenas, com salário de R$ 11,8 mil.

Aonde estão os médicos?

Em três meses, 1.052 desistências foram registradas pelo Ministério da Saúde, segundo reportou o jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (4). O número corresponde a 15% dos médicos brasileiros contratados após a saída dos profissionais cubanos no fim do ano passado. A preocupação com a situação é grande, pois 14 abandonos foram em distritos indígenas. São Paulo é o estado que mais carece de médicos, seguido por Bahia e Minas Gerais.

A causa das desistências variam, mas a mais apurada é de profissionais que passam nas provas de residência e abandonam o Mais Médicos. Além disso, há ainda médicos que foram chamados pelo Exército e outros que não se adaptaram.

Lugares abandonados

O Ministério da Saúde divulgou que os lugares abandonados variam. A maioria são áreas de extrema pobreza e alto índice de violência.

309 desistências aconteceram em lugares onde a população é marginalizada, em que a pobreza e a violência prevalecem e a necessidade por atendimentos médicos é urgente.

209 desistências foram em capitais e cidades metropolitanas, o que não é uma surpresa.

Quando fala-se dessas áreas, não está se falando de lugares nobres, como por exemplo o Jardim Europa em São Paulo, mas sim de favelas e bairros carentes, afastados e muito violentos.

Possíveis soluções

O preenchimento das vagas está sendo um processo longo e demorado. Alguns médicos são chamados e logo depois desistem, enquanto outros nem aparecem.

De acordo com o secretário municipal de saúde de Uberaba (MG), Iraci Neto, a demora se dá porque são etapas independentes e que ao mesmo tempo se completam. Dentre elas precisa-se da seleção e envio dos profissionais pelo Mais Médicos, logo após o envio dos documentos e finalmente o direcionamento dos profissionais para as unidades de saúde.

Em declaração, o Ministério da Saúde divulgou que as desistências bateram o recorde de 2013 a 2017, em que 20% das abdicações ocorreram depois de um ano. As vagas poderão ser ofertadas em um novo processo de classificação para profissionais ainda em análise.

O ministro da Saúde, Luíz Henrique Mandetta, se pronunciou dizendo que irá mandar ao Congresso uma nova proposta para a substituição do Mais Médicos ainda neste mês.