O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.
EUA
Alegação: Beyoncé é, na verdade, uma mulher italiana chamada Ann Marie Lastrassi
Fato: Em publicação no Twitter no início de junho, KW Miller, candidato ao Congresso americano pela Flórida, disse que “Beyoncé nem é afro-americana”. Segundo ele, o nome verdadeiro da cantora é Ann Marie Lastrassi e ela nasceu na Itália.
Verdade: A ideia de que Beyoncé é, na verdade, uma italiana chamada Ann Marie Lastrassi não tem nenhuma evidência que a sustente.
Beyoncé nasceu em 4 de setembro de 1981, em Houston, no estado americano do Texas, filha Tina e Mathew Knowles, ambos negros. De acordo com o site Snopes, “sua ascendência pode ser traçada até sua tataravó, Rosalie Jean Louis, uma escrava que nasceu na Louisiana em 1800, e Joseph Lacey, um rico comerciante branco e suposto proprietário de Louis".
Beyoncé is not even African American. She is faking this for exposure. Her real name is Ann Marie Lastrassi. She is Italian. This is all part of the Soros Deep State agenda for the Black Lives Matter movement. BEYONCÉ YOU ARE ON NOTICE!#GreatAwakening #QAnon #WWG1GWA #Trump2020
— KW Miller For Congress (FL-18) (@KwCongressional) July 4, 2020
EUA
Alegação: Mural de 1994 no aeroporto de Denver com crianças usando máscaras de bandeiras prova que a pandemia foi planejada
Fato: A foto de um mural supostamente instalado no Aeroporto Internacional de Denver, nos EUA, foi amplamente compartilhada no Facebook e no Twitter nesta semana.
O mural retrata crianças usando máscaras com bandeiras de diferentes países. A legenda descreve: “mural do aeroporto de Denver, pintado em 1994. Diga-me se não é estranho, até que ponto eles planejaram isso com antecedência?".
Verdade: Essas postagens estão erradas. O escritório de comunicações do Aeroporto Internacional de Denver disse à agência Associated Press que a pintura não fazia parte de sua coleção de arte.
A pintura é real e foi desenhada em 2020, não em 1994. Em fevereiro de 2020, um artista filipino chamado Christian Joy Trinidad compartilhou uma foto dele ao lado da pintura, como relata a Associated Press. O desenho é chamado “Maskcommunication”. O trabalho foi submetido a um recente concurso internacional de arte organizado pelo Conselho Indiano de Relações Culturais sob o nome de “Unidos contra a Corona-Express através da arte ”.
Segundo o site o FactCheck.org, no entanto, a autoria da obra de arte não é clara: em uma versão o nome de Trinidad aparece assinado, já em outra, o nome "NEHA" aparece no canto superior esquerdo da pintura.
The Denver airport mural painted in 1994. Tell me this is not weird, how far do they plan this stuff in advance? pic.twitter.com/Chh0pp6WFr
— Dawn Michael, PhD💗 (@SexCounseling) June 26, 2020
AMÉRICA LATINA
Alegação: Foto mostrando tela verde em vez de cemitério prova as mortes de coronavírus são falsas
Fato: Uma foto foi amplamente compartilhada no Facebook. A imagem é dividida em duas, a primeira mostra pessoas com equipamentos de proteção enterrando vítimas do Covid-19 em um cemitério. A segunda é a mesma cena, mas em um set de filmagem com tela verde e luzes.
Uma frase separa as duas figuras: "Isso é tudo mentira", referindo-se ao número de infecções por Covid-19.
Verdade: Como a AFP Fact Check relata, a imagem vem de uma filmagem da CNN transmitida em 3 de abril de 2020 chamada “O Brasil está preparando sepulturas, Nova York espera o pior e as últimas do novo do coronavírus”. A filmagem mostra várias fotos atribuídas à Reuters de diferentes ângulos do mesmo local, o cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.
De acordo com a pesquisa da AFP Fact Check, a segunda foto usou uma imagem da Shutterstock, uma plataforma de imagens, disponibilizada pelo usuário Rashevskyi Viacheslav. A imagem original mostra um estúdio de cinema com tela verde e luzes. A foto compartilhada nas redes sociais é, portanto, uma montagem de uma foto da Reuters mostrando um cemitério em São Paulo e uma foto da Shutterstock como fundo verde para alegar que as vítimas do Covid-19 não são reais.
Segundo dados das secretarias de saúde, até o dia 9 de julho já foram registradas mais de 69 mil mortes por causa do Covid-19 no Brasil.
EUA
Alegação: Manifestante apontou arma para proprietário que ameaçava outros manifestantes com armas em St. Louis
Fato: Uma foto foi compartilhada nas redes sociais mostrando um manifestante apontando uma arma para Mark McCloskey, 63, e sua esposa, Patricia, de 61 anos, que saiu de casa segurando armas em St. Louis, nos EUA, em 28 de junho. A legenda diz: “Dê uma olhada ... Alguns dizem que arma… Alguns dizem que microfone. Parece uma arma para esse ângulo”.
Verdade: Como a Reuters e a Associated Press relatam, a imagem foi modificada. A foto original foi tirada por Lawrence Bryant para a Reuters e as legendas dizem: “Patricia McCloskey e seu marido Mark McCloskey empunham armas de fogo contra manifestantes, incluindo um homem que possui uma câmera de vídeo e microfone, quando entram no bairro durante um protesto contra o prefeito de St.
Louis, Lyda Krewson, em St. Louis, Missouri, EUA 28 de junho de 2020”. O homem que segura a câmera é Christopher Phillips, um cineasta de St. Louis que estava gravando vídeos dos protestos para um documentário, como relata a Associated Press. Para provar que ele não estava segurando uma arma contra o casal, ele tuitou para os fabricantes de sua câmera e microfone para que confirmassem que aqueles eras produtos deles, diz a Associated Press.
For those that are calling for this couple to be prosecuted for pointing a gun at
"UNARMED" protesters.
Well, this picture! The narrative has now shifted. she/homeowner stated that a weapon was pointed at them....
Some say gun.Some say microphone. Looks like a gun at this angel pic.twitter.com/K3XXCiOoei
— SarahBWakeUpAmerica (@SarahBranch01) June 30, 2020
ITÁLIA/REINO UNIDO
Alegação: Navios de guerra australianos bloquearam um barco de imigrantes ilegais
Fato: Uma foto de um barco preso entre dois navios foi compartilhada mais de 15.000 vezes no Facebook, conforme a Reuters relata.
A legenda diz: “Dois navios de guerra australianos bloquearam um barco carregado de imigrantes ilegais que não responderam a pedidos de parada em suas águas. Todos os imigrantes ilegais voltaram, os tripulantes foram presos e o barco foi desmontado para sucata. Por que o Reino Unido não pode fazer isso?".
Outro post no Twitter de um usuário italiano diz: “Não se assuste, não está na Itália, está na Austrália: 2 navios militares atacaram um barco carregado de imigrantes. Todos os imigrantes ilegais foram enviados de volta, todos os membros da tripulação foram presos e o barco foi desmontado”.
Verdade: A foto foi usada para elogiar a política de migração de tolerância zero da Austrália. No entanto, apesar de a Austrália ter uma política de migração muito rigorosa desde 2013, interceptando barcos de refugiados e colocando requerentes de asilo em centros de detenção, essa imagem não representa um caso na Austrália, como informam o jornal Libération e a agência Reuters.
A foto foi tirada em 2012, por uma fotógrafa japonesa, Masataka Morita, e publicado pela Associated Press. Ela não mostrando um barco com imigrantes, mas um barco de pesca, com ativistas chineses a bordo que tentavam protestar contra o desembarque na Ilha Uotsuri, no Mar da China Oriental, sob soberania japonesa, mas reivindicada pela China e Taiwan. Portanto, os outros dois barcos são da Guarda Costeira japonesa, que prendeu os manifestantes chineses que desembarcaram na ilha e içaram uma bandeira chinesa no local.
Brasil
Alegação: Água sanitária deve ser jogada no esgoto para evitar contaminação pelo coronavírus
Fato: Mensagem compartilhada em grupos de WhatsApp recomenda que as pessoas coloquem “uma colher de sopa de água sanitária em cada ralo das suas privadas, lavatórios, banheiras, chuveiros, lava-louças”, para evitar a proliferação do novo coronavírus.
Como justificativa, o texto afirma: “autoridades holandesas descobriram que o vírus está crescendo e se multiplicando no sistema de águas residuais. Eles descobriram que mesmo as pessoas que estavam confinadas em suas casas pegaram o vírus e decidiram testar a água do sistema de águas residuais. Encontraram o vírus Covid-19 ativo nos esgotos”.
Verdade: Em entrevista à rádio CBN, especialistas afirmam que o vírus não tem capacidade de infecção a partir do esgoto. “Todos os vírus precisam estar dentro de alguma célula para sobreviver e se multiplicar. Por isso, vírus não são capazes de se multiplicar em água ou resíduos de esgoto”, diz o virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ. Já a pneumologista Patricia Canto Ribeiro, da Escola Nacional de Saúde Pública, afirma que alguns estudos encontraram o RNA do vírus em esgoto, mas que “não há, pelo menos até este momento, comprovação de que seja infectante”.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que “não existe recomendação de que se utilize água sanitária em ralos, banheiras, chuveiros e lava-louças de residências como forma de evitar o contágio por coronavírus”.
Espanha
Alegação: Fabricante da Barbie lança boneca que promove o aborto
Fato: Uma publicação no Facebook alega que a fabricante da Barbie criou uma edição da boneca para que as crianças “brinquem com o aborto”. A postagem vem acompanhada de uma imagem de uma caixa do brinquedo com a inscrição “Abortion Barbie” [Barbie Aborto, em português]. Dentro da caixa há uma boneca com a barriga removível, um bebê negro dentro, um bebê branco ao lado e uma tesoura em tamanho real.
Verdade: A Mattel, empresa que produz a Barbie, nega que tenha criado ou apoiado a criação da “Barbie Aborto”.
A boneca, na verdade, foi criada pelo artista conservador William Sabatini, mais conhecido como Sabo, durante a campanha eleitoral de 2014 nos EUA. A imagem divulgada nas redes sociais omite a inscrição "Wendy Davis for Texas State Governor", presente no canto inferior direito da caixa. Davis era uma senadora do estado do Texas que se candidatou a governadora pelo Partido Democrata em 2014 e foi apelidada de "Barbie Aborto" por alguns detratores por defender o aborto. Sabo, inclusive, publicou um vídeo em seu perfil no YouTube detalhando o processo de construção da boneca.