O Mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

EUA

Alegação: Pesquisa de vacina da Pfizer para Covid-19 foi financiada pela Operação Warp Speed ​​de Trump

Fatos: Em 9 de novembro, Pfizer e BioNTech anunciaram sua vacina contra a Covid-19, apresentando uma eficiência de 90%. Em seguida, o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou: “Como resultado da Operação Warp Speed, a Pfizer anunciou na segunda-feira que sua vacina contra o vírus da China é mais de 90% eficaz.

A Pfizer disse que não fazia parte da Warp Speed, mas acabou sendo uma infeliz deturpação”. O vice-presidente americano, Mike Pence, apoiou Trump em outra postagem, alegando que esta pesquisa surgiu de uma "parceria público-privada firmada pelo presidente Donald Trump".

Verdade: A porta-voz da Pfizer, Jerica Pitts, respondeu a essas afirmações dizendo: “Os custos de desenvolvimento e fabricação da vacina para a Covid-19 da Pfizer foram totalmente autofinanciados.

Decidimos autofinanciar nossos esforços para que pudéssemos agir o mais rápido possível”. O acordo feito entre a Pfizer americana e o governo dos EUA era sobre o fornecimento de 100 milhões de doses, caso a vacina fosse aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência americana equivalente à Anvisa.

EUA

Alegação: Enxaguante bucal é uma cura contra o coronavírus

Fatos: Um estudo feito pela Universidade de Cardiff, no Reino Unido, foi amplamente compartilhado dizendo que os enxaguantes bucais podem “matar” o coronavírus em “30 segundos”.

A pesquisa não foi revisada por pares ou publicada, segundo disse Richard Stanton, autor principal do estudo, em entrevista à BBC.

Verdade: Angela Rasmussen, virologista da Universidade de Georgetown, foi entrevistado pelo The New York Times sobre este estudo. “Você pode usar enxaguante bucal para reduzir sua própria chance de contrair gengivite”, disse ela.

“Não acho que isso tenha um impacto significativo na sua capacidade de transmitir o vírus”, acrescentou ela. O novo coronavírus não infecta apenas a boca e o nariz, mas também os pulmões e a garganta, onde o produto não chega, relata o The New York Times. Rasmussen acrescentou que o enxaguante “não é um antiviral”. A pesquisa da Universidade de Cardiff sugere que o enxaguantes pode ajudar a matar o vírus na saliva, mas não o indica como um tratamento para o coronavírus, relata a BBC.

Reino Unido

Alegação: Vacina de Oxford contra o coronavírus é feita com tecido pulmonar de feto abortado

Fatos: Um vídeo compartilhado no Facebook mostra supostas imagens da pesquisa da vacina de Oxford contra a COVID-19 (AZD1222).

O vídeo compartilha uma suposta página da pesquisa que diz: “Usamos o sequenciamento de RNA direto para analisar a expressão transcrita do genoma ChAdOx1 nCoV-19 em linhas de células humanas MRC-5 e A549”. A imagem seguinte mostra uma página da Wikipedia explicando que o MRC-5 é: “Originalmente desenvolvido a partir de tecido pulmonar de um feto abortado de 14 semanas, branco, do sexo masculino”.

Verdade: Em declaração à agência Reuters, a farmacêutica AstraZeneca, que desenvolve a vacina em parceria com a Universidade de Oxford, afirmou que a pesquisa não foi desenvolvida usando linhas de células MRC-5. A pesquisa mostrada no vídeo faz parte de um estudo independente liderado por cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Era parte de uma pesquisa pré-clínica, antes dos testes em humanos, e não foi incluída na criação da vacina em si, relata a Reuters.

França

Alegação: Devido a mutações no novo coronavírus, a vacina não irá funcionar

Fatos: Um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook mostra Louis Fouché, um suposto médico, dizendo: “Estamos na quarta variante em Marselha há seis meses, o que significa que realmente muda o tempo todo, e a quarta variante é bem diferente da primeira, quase poderia se chamar SARS-CoV-3”. Ele acrescenta: “Pessoas com anticorpos positivos, que supostamente desenvolveram imunidade ao primeiro vírus, tiveram a Covid uma segunda vez, uma terceira vez. Isso significa que a vacina nunca funcionará".

Verdade: A AFP Fact Check afirma que “os vírus de RNA (material genético próximo ao DNA), como Sars-CoV-2, sofrem mutação mais rápido do que os vírus de DNA, pois seus erros de codificação são mais frequentes”. No entanto, acrescenta que o novo coronavírus sofre mutação menos rápido do que outros vírus de RNA, o que levou os cientistas a concordarem que o vírus que causa a Covid-19 é "relativamente estável”, relata a AFP. A virologista e presidente do comitê científico da vacina francesa para a Covid-19, Marie-Paule Kieny, disse em entrevista à France Info: "Neste momento, não há indicação de que essas mutações possam afetar a capacidade das vacinas de reconhecer e proteger contra essas variações do vírus." Contudo, acrescentou: “Isso não quer dizer que não aconteça, podemos chegar a um momento em que as mutações sejam muito importantes e será necessário modificar a fórmula da vacina, como fazemos todos os anos, ou quase todos os anos, com a vacina contra a gripe”.

Gabão

Alegação: Gabão celebrou seu primeiro casamento do mesmo sexo

Fatos: Várias fotos de duas mulheres gabonesas se beijando e mostrando as alianças de casamento foram compartilhadas nas redes sociais. A legenda das publicações diz: “O Gabão acaba de oficializar seu primeiro casamento homossexual em Makokou, na província de Ogoue Ivindo”.

Verdade: “A lei não permite celebrar a união entre pessoas do mesmo sexo ou beijos em público, pois isso ofende a moralidade”, disse um procurador do Gabão em declarações à AFP. A agência de checagem de fatos também entrevistou um dos irmãos das mulheres da foto, que disse: "Não havia chefe de vila, chefe de distrito, prefeito, padre, pastor”. A AFP relata que foi um casamento falso, para fazer uma declaração provando que uma das mulheres estava pronta para adotar o filho da outra.

As duas mulheres foram presas no último dia 9 de novembro, por "insultar a boa moral", relata a AFP.

África do Sul

Alegação: Pandemia não existe e coronavírus é "gripe normal"

Fatos: Um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook mostra um grupo de médicos apresentando várias alegações sobre a Covid-19. Em determinado momento da gravação, um dos integrantes da mesa nega que a pandemia exista e chama a Covid-19 de “gripe normal”.

Verdade: O vídeo foi originalmente postado por um grupo europeu de médicos chamado World Doctors Alliance, famoso por rejeitar o lockdown como resposta à pandemia do novo coronavírus. Ao contrário do que o vídeo alega, a Organização Mundial da Saúde (OSM) declarou no último dia 11 de março a Covid-19 como uma pandemia, sendo depois acompanhada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

Quanto à alegação de que o novo coronavírus é uma “gripe normal”, o CDC dedica uma página em seu site para explicar as semelhanças e diferenças entre gripe sazonal e a Covid-19. “A Covid-19 parece se espalhar mais facilmente do que a gripe e causa doenças mais graves em algumas pessoas. Também pode demorar mais até que as pessoas apresentem sintomas e as pessoas podem ser contagiosas por mais tempo”, diz o site do CDC.

China

Alegação: Vídeo mostra pinguins voando através das geleiras no Polo Sul

Fatos: Vídeo compartilhado centenas de milhares de vezes no Facebook, Twitter e Weibo afirma mostrar pinguins voando no Polo Sul.

Verdade: Segundo informações da AFP Fact Check, a alegação é falsa. Publicado originalmente em 1° de abril de 2008, o vídeo foi criado digitalmente pela BBC como uma brincadeira para o Dia da Mentira.

Na página da BBC no YouTube é possível encontrar publicado no mesmo dia o making of da brincadeira.

Brasil

Alegação: Fotos mostram Joe Biden assediando crianças

Fatos: Publicações que circulam no Facebook trazem duas imagens que mostrariam o presidente eleito dos EUA, o democrata Joe Biden, assediando crianças. As publicações acusam o político de ser pedófilo.

Verdade: A primeira imagem, de autoria do fotógrafo Patrick Semansky, da agência AP, mostra Biden beijando o rosto do neto Robert Hunter Biden II durante o velório de Beau Biden, pai de Robert, em 2015. Já a segunda imagem mostra na realidade o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, beijando o rosto de uma criança durante um comício em março deste ano.

Espanha

Alegação: Chefe da campanha eleitoral de Joe Biden foi preso

Fatos: Publicações compartilhadas no Facebook anunciam a prisão de um homem chamado Dallas Jones, que supostamente seria o chefe da campanha eleitoral de Joe Biden, candidato democrata que venceu as eleições presidenciais americanas deste ano. As postagens são acompanhadas da foto de um homem negro algemado sendo escoltado.

Verdade: Segundo informações da agência de checagem de fatos espanhola Newtral, a alegação é falsa. Primeiramente, a chefe da campanha eleitoral de Joe Biden é uma mulher, chamada Jennifer O’Malley, contra a qual não há nenhum pedido de prisão. Quanto à imagem compartilhada nas publicações, ela mostra o ator americano Cuba Gooding Jr sendo detido em 13 de junho de 2019, em Nova York, após ser acusado de abuso sexual.

Por fim, Dallas Jones é um analista político e trabalhou na campanha de Biden no estado do Texas. Não há, no entanto, nenhum registro de que ele tenha sido detido.

América Latina

Alegação: Anthony Fauci 'confirmou' que máscaras causam pneumonia

Fatos: Publicações compartilhadas no Facebook afirmam que o infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA (Niaid, na sigla em inglês), confirmou que o uso de máscaras de proteção está relacionado ao desenvolvimento de doenças pulmonares, como a pneumonia. Algumas das postagens anexam como "prova" a foto de um estudo de 2008, do qual Anthony Fauci participou, sobre pneumonia bacteriana durante a pandemia de gripe espanhola de 1918-1919.

Verdade: Segundo declaração do Niaid, chefiada por Fauci, “o estudo de 2008 não menciona máscaras e não tem nada a ver com máscaras”. “O estudo analisou dados sobre infecções fatais de 1918 e mostrou que a maioria dos casos estava associada a pneumonias bacterianas secundárias", disse o instituto à AFP Fact Check.