O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

EUA

Alegação: Joe Biden reduziu oficialmente a idade de consentimento nos EUA para 8 anos

Fatos: Usuários das redes sociais compartilharam duas imagens de supostas manchetes publicadas em diferentes veículos de comunicação. Uma das manchetes, da NBC, diz: “O presidente Biden reduziu oficialmente a idade de consentimento para 8 anos”. A outra manchete, da CNN, afirma: “a administração Biden reduz a idade de consentimento para 8 anos”.

Verdade: Como relata o site Snopes, Biden nunca mudou a idade de consentimento nos EUA para oito anos. Não cabe ao presidente americano nem ao seu governo tomar decisões sobre o assunto. A idade de consentimento no país é regida por leis criminais estaduais.

EUA

Alegação: Milhares de soldados dos EUA foram enviados à Europa em março de 2020 para operação de tráfico de crianças

Fatos: Usuários das redes sociais compartilharam várias alegações de que tropas dos EUA foram enviadas à Europa em março de 2020 para evitar uma operação de tráfico de crianças.

Por exemplo, uma das alegações diz que "do meio ao final de 2019, o Vaticano foi invadido pela polícia e, em 17 de março de 2020, a Operação Defender Europa começou". A publicação acrescenta: “50.000 soldados dos EUA, Reino Unido e Europa desceram em Roma. Lembre-se do pico de corona na Itália naquela época. Pense no Vaticano e sua máfia do tráfico de crianças”.

Verdade: Como relata a Reuters, a Operação Defender Europa é um exercício que uma multinacional liderada pelos EUA denominada Defender-Europa 20 tem realizado com aliados da Otan para dissuadir a Rússia de qualquer repetição de um episódio como a anexação do território ucraniano da Crimeia, ocorrido em 2014. A operação não ocorreu em março de 2020 porque “foi alterada em tamanho e escopo em 13 de março de 2020, devido à pandemia COVID-19”, escreve a Reuters.

“O movimento de todo o pessoal e equipamento dos Estados Unidos para a Europa parou”, acrescenta o site de checagem de fatos. Nenhuma evidência foi encontrada para provar que 50.000 soldados americanos, britânicos e europeus estiveram em Roma para resgatar vítimas de tráfico de crianças. Ainda segundo a Reuters, um porta-voz militar dos EUA refutou as alegações de que a Defender-Europa 20 está ligada ao tráfico de crianças.

EUA

Alegação: Vídeo compartilhado por David Icke afirma que não foram realizados testes clínicos para as vacinas da Covid-19

Fatos: Um vídeo compartilhado pelo conspiracionista britânico David Icke nas redes sociais diz: “E os testes que não ocorreram. Senhoras e senhores, o teste consiste em lançar a vacina falsa.

Não houve testes, você é o teste”.

Verdade: David Icke é conhecido por ter compartilhado várias notícias falsas e ter sido banido do Facebook, YouTube e Twitter por desinformação. As vacinas da Covid-19 foram testadas em ensaios clínicos antes de serem aprovadas pelos governos e antes de serem distribuídas e injetadas em populações em todo o mundo. Como relata a Reuters, a Pfizer registrou 45.000 participantes em seus testes clínicos em todo o mundo, enquanto a Oxford-AstraZeneca recrutou mais de 23.000 pessoas no Reino Unido, Brasil e África do Sul para testar sua vacina. Os resultados de eficácia dos imunizantes foram compartilhados em dezembro de 2020, para a Pfizer, e em janeiro de 2021, para a Oxford-AstraZeneca.

EUA

Alegação: OMS muda posicionamento e agora diz que máscaras não são necessárias

Fatos: Um blog chamado Did You Know divulgou um artigo que foi amplamente compartilhado nas redes sociais, alegando que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou no último dia 22 de janeiro que não há “nenhuma razão médica científica para qualquer pessoa saudável usar uma máscara fora de um hospital”.“ Se não tiver sintomas respiratórios, como febre, tosse ou coriza, não precisa usar máscara. Quando usadas sozinhas, as máscaras podem dar uma falsa sensação de proteção e podem até ser uma fonte de infecção quando não usadas corretamente”, relata a publicação no blog.

Verdade: Como parte de seus esforços para combater a desinformação e notícias falsas, o Facebook sinalizou as postagens com este conteúdo.

A transcrição da coletiva de imprensa da OMS realizada em 22 de janeiro de 2021 mostra que tal alegação não foi feita. Por outro lado, a OMS fortaleceu sua posição. Na verdade, a oficial técnica para Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, disse que as máscaras são “um aspecto de controle, um aspecto de redução da propagação deste vírus, e elas não podem ser usadas ​​sozinhos”. O site da OMS descreve o uso de máscaras como “uma medida fundamental para suprimir a transmissão e salvar vidas”.

Itália

Alegação: Mario Draghi liquidou empresas públicas italianas no HMY Britannia

Fatos: Após a decisão do presidente da República italiana, Sergio Mattarella, de dar a Mario Draghi a missão de formar um novo governo, algumas palavras ditas em 2008 pelo ex-presidente italiano Francesco Cossiga foram amplamente compartilhadas na internet.

Cossiga, em entrevista por telefone ao programa “Uno Mattina”, disse: “Não se pode nomear como primeiro-ministro alguém que foi sócio do Goldman Sachs”. “Ele é o liquidador das empresas públicas italianas, após o conhecido cruzeiro no iate Britannia. A liquidação da indústria pública italiana”, acrescentou. As palavras também foram citadas por Alessandro di Battista, membro do Movimento 5 Estrelas, em seu editorial para o The Post Internazionale.

Verdade: O caso faz parte de uma velha teoria da conspiração italiana: “A conspiração Britannia”. Mario Draghi nunca foi um “sócio do Goldman Sachs”, mas vice-presidente e diretor administrativo do banco de investimento americano. Além disso, ele estava no HMY Britannia em 1992, quando uma conferência internacional de economistas foi realizada, apenas para uma breve introdução ao seminário, saindo do navio antes dele partir, conforme noticiado por vários jornais da época.

Não há evidências de que uma alegada “liquidação de empresas públicas italianas” tenha sido decidida naquele evento.

Nova Zelândia

Alegação: Vídeo mostra premiê britânico dizendo que testes da Covid-19 "só funcionam em sete por cento dos casos"

Fatos: Vídeo compartilhado no Facebook e no YouTube mostra o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, supostamente dizendo que os testes da Covid-19 “só funcionam em sete por cento dos casos”. Algumas das publicações são acompanhadas da seguinte legenda: “testes da Covid são 93% imprecisos”.

Verdade: O trecho compartilhado nas redes sociais faz parte de uma entrevista dada pelo primeiro-ministro britânico à rede BBC no dia 4 de setembro de 2020.

Boris Johnson, no entanto, não estava comentando sobre a eficácia geral dos testes da Covid-19, mas sim citando um relatório do governo britânico que mostra que os testes de Covid-19 feitos em pessoas que haviam acabado de chegar ao Reino Unido detectaram apenas sete por cento dos casos positivos. No entanto, o estudo aponta que o mesmo teste, aplicado aos viajantes uma segunda vez durante o período de quarentena obrigatória, detectava entre 85% e 98% dos casos positivos.

Coreia do Sul

Alegação: Nevou no Egito pela primeira vez em 112 anos

Fatos: Imagens compartilhadas no Facebook alegam mostrar cenas de neve que teriam atingido o Egito recentemente. Algumas das publicações vêm acompanhadas da seguinte legenda: “Egito, onde nevou pela primeira vez em 112 anos”.

Verdade: Uma busca reversa na internet mostra que, das oito imagens compartilhadas nas redes sociais, seis não foram tiradas no Egito e duas foram manipuladas digitalmente. Entre as que não foram tiradas no Egito estão imagens tiradas na Jordânia, na China, em Jerusalém, na Arábia Saudita e na Síria. Entre as que foram manipuladas, com a adição digital de neve, estão uma das pirâmides de Gizé e outra da Grande Esfinge de Gizé.

Etiópia

Alegação: Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, está morto ou em estado crítico

Fatos: Publicações compartilhadas milhares de vezes no Facebook alegam que o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, estaria morto ou internado em estado crítico. Em uma das versões, que traz uma imagem de um homem parcialmente coberto por um lençol e com os olhos fechados, a legenda da publicação diz: “Notícias de última hora, ouvimos recentemente que dr.

Abiy Ahmed Ali morreu aos 44 anos”. Outras versões, que trazem uma imagem do que seria o primeiro-ministro em uma cama de hospital, dizem que Ahmed estaria muito doente e teria sido levado de avião para a Alemanha ou para a Itália para um tratamento médico de emergência.

Verdade: No último dia 24 de janeiro, a página oficial do governo etíope no Facebook publicou a seguinte mensagem: “Pedimos ao público que fique atento a notícias falsas que circulam sobre o bem-estar do primeiro-ministro Abiy Ahmed nas redes sociais”. No dia 28 de janeiro, Ahmed postou em seu perfil no Facebook fotos de uma visita que fez ao Centro de Próteses e Órteses (POC), na capital Adis Abeba. Questionada pela AFP, a assessoria do centro médico confirmou a visita do premiê no último dia 28.

Quanto à suposta imagem de Ahmed em uma cama de hospital, uma busca reversa na internet mostra que ela, na verdade, trata-se de uma manipulação digital de uma imagem de outro homem hospitalizado, publicada no site GoFundMe em 2017.

Mianmar

Alegação: Foto mostra líder civil Aung San Suu Kyi sendo detida durante golpe militar em Mianmar

Fatos: Foto compartilhada em publicações no Facebook alega mostrar a Nobel da Paz e líder civil mianmarense Aung San Suu Kyi sendo presa no último dia 1° de fevereiro, em meio a um golpe militar no país do sudeste asiático.

Verdade: Apesar de Aung San Suu Kyi ter de fato sido detida durante o golpe militar do último dia 1° em Mianmar, uma busca reversa no Google mostra que a imagem compartilhada na rede social foi registrada originalmente em 17 de agosto de 2017, pelo fotógrafo Aung Kyaw Htet, da agência AFP.

A imagem mostra Suu Kyi se dirigindo ao enterro de um membro de seu partido.

Brasil

Alegação: Uso da hidroxicloroquina é reavaliado nos Estados Unidos com Biden

Fatos: Artigo publicado pelo site Brasil Sem Medo e compartilhado no Facebook e WhatsApp alega que o uso da hidroxicloroquina foi reavaliado nos EUA após a entrada do democrata Joe Biden na presidência do país no início do ano. Segundo a publicação, o uso da droga para o tratamento da Covid-19 passou a ser visto “com outros olhos” após a saída de Donald Trump do poder.

Verdade: Ao contrário do que afirma o texto, desde junho de 2020 a FDA (agência norte-americana que regulamenta medicamentos) não recomenda o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina como prevenção ou tratamento para a Covid-19, posicionamento este que não mudou após Joe Biden assumir a presidência no último dia 20 de janeiro.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NHI, na sigla em inglês), diversos estudos apontam que a hidroxicloroquina não tem eficácia para reduzir a progressão da Covid-19 em pacientes com sintomas leves e, inclusive, pode causar efeitos adversos, como o aumento de arritmia cardíaca.