O Governo da China anunciou que não irá colaborar com a segunda fase da investigação da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre a origem do coronavírus que deu origem à Covid-19.

A organização iria fazer uma auditoria em laboratórios e instituições de pesquisa relevantes que operam na área de Wuhan, onde os primeiros casos do novo coronavírus em humanos foram identificados ainda no final de 2019.

Zeng Yixin, vice-ministro da Comissão Nacional da Saúde da China, disse na última quinta-feira (22) estar muito surpreso que o estudo proposto pela OMS incluía como uma das prioridades investigar a teoria de que violações de protocolos de segurança no laboratório de Wuhan teriam causado o vazamento do vírus Sars-CoV-2.

Zeng disse em uma coletiva que o estudo da fase dois do rastreamento da origem da Covid-19 é um desrespeitoso ao bom senso e contrário à ciência. "Não há como aceitarmos tal proposta de estudo de rastreamento de origem", disse Zeng.

A OMS, por sua vez, recomendou que haja um aprofundamento da investigação de outras teorias, como a de que seres humanos tiveram contato com animais infectados.

Zeng ainda disse que não é verdade que funcionários do laboratório de Wuhan teriam ficado doentes no mês de novembro de 2019, como apontaram informações do serviço de inteligência dos Estados Unidos. Ele observa ainda que a primeira investigação da OMS conduzida no país no começo de 2021 concluiu que a hipótese do "vazamento de laboratório" era "extremamente improvável".

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na semana passada que acidentes em laboratórios podem acontecer e que ele mesmo, trabalhando no passado com imunologia, passou por esse tipo de situação.

"Revisar o que aconteceu é importante. Precisamos de informação direta sobre a situação destas instalações antes da pandemia e no começo dela", afirmou.

Estados Unidos e China

Ao longo de 2020, a origem da Covid-19 se tornou uma questão diplomática entre os Estados Unidos e a China, deteriorando ainda mais a relação entre as duas potências.

Os americanos e seus aliados acusam os chineses de terem pouca transparência em relação ao que aconteceu nos primeiros momentos (dias e meses) em que o coronavírus foi identificado.

Com a troca do governo na Casa Branca em janeiro deste ano, a OMS também aumentou a exigência para uma maior colaboração do governo chinês. Numa mesma coletiva em que disse que os acidentes podem acontecer, Ghebreyesus pediu que a China dê as informações sobre os primeiros casos da doença.