A mexicana Paola Schietekat, de 27 anos, estava trabalhando em uma das empresas responsáveis pela organização da Copa do Mundo deste ano, no Catar. A jovem foi vítima de abuso sexual no país e, após denunciar o ocorrido às autoridades, acabou sendo condenada a sete anos de prisão e cem chibatadas.

O caso

A jovem economista trabalhava na Supreme Committee for Delivery and Legacy, empresa responsável pela realização de obras nos estádios que servirão como sede para a Copa deste ano. Além de ser responsável pelas obras, a empresa também atua na infraestrutura do evento esportivo.

A jornada de trabalho voltada ao Mundial da Fifa foi interrompida de forma repentina e teve um desfecho surpreendente. No mês de junho de 2021, um homem entrou no quarto de hotel onde a economista estava enquanto ela dormia e cometeu o abuso.

Denúncia

Após sofrer a violência, Schietekat resolveu levar o caso à Justiça e denunciou o abuso às autoridades do Catar. O que a jovem não imaginava é que a denúncia acabaria refletindo de forma negativa para ela mesma. A corte do Catar acabou tornando a vítima culpada e a condenando a 100 chibatas e mais sete anos de prisão sob acusação de manter uma relação extraconjugal com o agressor.

Abusos

Infelizmente, essa não foi a primeira vez que a economista foi vítima de abuso.

Com apenas 17 anos, Paola Schietekat foi vítima pela primeira vez. O cônsul mexicano do Catar, Luis Ancona, acompanhou a jovem à delegacia local para registrar a denúncia.

A denúncia realizada por eles foi embasada em provas que comprovavam os abusos. Entre elas havia um laudo médico comprovando o ato e diversas fotos que registravam manchas roxas no corpo da vítima deixadas pelo agressor.

Costas, braços em ombros da jovem estavam marcadas pela agressão.

Declaração da vítima

Paola relatou que após denunciar o abuso foi questionada pelas autoridades em relação à forma que daria andamento no caso. Ordem de restrição, ir adiante até as últimas instâncias ou simplesmente não fazer nada foram as opções.

Ainda em choque pelo ocorrido e cansada por não conseguir dormir, a jovem relatou que congelou.

Sem saber como agir, ela voltou a consultar a opinião do cônsul e decidiu seguir até as últimas instâncias.

Depoimentos

Após tomar a decisão, a economista foi intimada a depor frente a frente com o homem que a violentou. Durante o interrogatório, o homem negou o abuso e afirmou que eles já mantinham um caso amoroso.

As declarações do homem tiveram mais força e a vítima passou a ser acusada de cometer o "crime" de manter um relacionamento extraconjugal. Na lei Islâmica, adultério é considerado crime e as punições continuam sendo ativas no Catar.

Apesar da condenação, o Supreme Committee for Delivery and Legacy intermediou a saída emergencial de Schietekat do Qatar, e no dia 25 de julho de 2021 a economista voltou ao México. O responsável pelo abuso foi absolvido de qualquer acusação na justificativa de que não havia provas.