O governo brasileiro, representado pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim, propôs a realização de uma conferência diplomática visando abrir espaço para a negociação de um acordo de paz entre israelenses e palestinos. A sugestão foi apresentada durante uma conferência humanitária em Paris, convocada pelo governo francês para discutir ajuda aos palestinos. Amorim destacou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfatizando que "inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra".
'Genocídio' e complexidade na ONU
Pela primeira vez em um evento internacional, Amorim usou abertamente a palavra "genocídio" para descrever a situação, em meio a uma crise que já resultou em mais de 10 mil mortos.
A ONU, oficialmente, menciona apenas "crimes de guerra", mas a discussão sobre o termo tem causado polêmica. Amorim reiterou a condenação brasileira aos ataques terroristas contra Israel, mas alertou que tais atos não justificam o uso indiscriminado de força contra civis em Gaza.
Desafios diplomáticos e crise na relação
A elevação do tom por parte do governo Lula ocorre em um contexto complicado, marcado pelo encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e diplomatas de Israel, a intransigência sobre a liberação de brasileiros em Gaza e as declarações do Mossad sobre supostos terroristas no Brasil. O aumento dos ataques na região contribui para um mal-estar nas relações internacionais.
Soluções e compromissos brasileiros
Durante a conferência, Amorim enfatizou a urgência de soluções para a crise humanitária, defendeu um cessar-fogo e ressaltou a necessidade de passagens seguras para a entrada de ajuda em Gaza. Além disso, o Brasil anunciou contribuições financeiras à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), buscando retomar seu compromisso com a entidade.
O assessor especial argumentou que a guerra entre Israel e Hamas é parte de um conflito maior, enraizado na ausência de um lar seguro para o povo palestino.
Agenda diplomática e possível visita de Macron ao Brasil
Amorim, durante a conferência, se encontrará com o presidente francês, Emmanuel Macron, discutindo a situação em Gaza e possíveis soluções.
A possível visita de Macron ao Brasil, em janeiro, também estará em pauta, abordando temas bilaterais e fortalecendo as relações Brasil-França. A cúpula, que reúne representantes de organizações humanitárias e ministros de diversos países, busca operacionalizar o envio de ajuda a Gaza, explorando corredores marítimos e discutindo novos recursos financeiros para a região.
Cenário internacional e mudança de tom de Macron
No cenário internacional, a conferência em Paris reúne 80 representantes de organizações humanitárias, agências da ONU e ministros de diversos países, principalmente da Europa e do Oriente Médio. A discussão se concentra em estratégias para viabilizar a entrega consistente de ajuda humanitária a Gaza, considerando o fechamento das fronteiras e as rigorosas inspeções de Israel na única passagem disponível.
A possibilidade de abrir corredores marítimos, utilizando o Chipre como intermediário, surge como uma alternativa. Macron, que inicialmente apoiava inabalavelmente Israel, alterou seu tom, defendendo agora um cessar-fogo diante da crescente pressão internacional e da deterioração da situação dos palestinos.