Os dias do deputado federal Aécio Neves no PSDB podem estar contados. Segundo a jornalista Andréia Sadi, da Rede Globo, a cúpula do partido quer que ele e outros políticos tucanos que estejam na mira da Polícia Federal se licenciem da sigla até o próximo mês de agosto. A colunista afirma ainda que o partido discute até a expulsão de Aécio, mas que espera que o deputado se antecipe e se afaste.

Após ter ficado fora do segundo turno no último pleito presidencial, o PSDB passa por uma repaginação, processo este encabeçado pelo presidente do partido e ex-ministro Bruno Araújo, e que agora tem entre seus caciques o governador de São Paulo, João Dória.

Apesar de negar, o atual governador paulista já estaria trabalhando em sua candidatura à presidência daqui a três anos. Isso justifica o esforço da nova direção em tentar melhorar a imagem e blindar a sigla com o afastamento de políticos que estejam sendo investigados pela Polícia Federal, como é o caso de Aécio Neves.

E não é apenas Aécio quem está a perigo de expulsão.

Outro que também pode ser “convidado” a se retirar do partido é o ex-governador do Paraná Beto Richa. Ele chegou a ser preso três vezes nos últimos meses por conta de obstrução da Justiça na Operação Lava Jato.

Na última quinta-feira (4), o diretório municipal do PSDB em São Paulo já havia aprovado, de forma unânime, uma menção para expulsar Aécio Neves do partido e encaminhou este pedido para o diretório municipal.

Virou réu por obstrução da Justiça

Na semana passada Aécio Neves virou réu na Justiça Federal de São Paulo por corrupção passiva e tentativa de obstrução judicial nas atividades da Operação Java Jato. A denúncia foi feita pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot ao STF. Andréa Neves, irmã de Aécio, além de um assessor e um primo do deputado também foram acusados de corrupção.

A acusação contra o deputado federal tem base nas delações do empresário Joesley Batista. Ele revelou ter pago a quantia de R$ 2 milhões em propina a Aécio. A defesa do deputado rebate as acusações e diz que o deputado foi vítima de ação criminosa do empresário do Grupo J&F.

De acordo com o que foi descoberto pelas investigações, o deputado e sua irmã pediram em 2017 R$ 2 milhões, que foram pagos em quatro parcelas. Também foi apurado que entre 2016 e março de 2017 Aécio tentou embaraçar as investigações da Lava Jato e que ele teria atuado intensamente nos bastidores do Congresso para aprovar medidas legislativas para atrapalhar a apuração e a punição de infrações penais.

Aécio nega as acusações e diz que vai trabalhar para provar a sua inocência e de seus familiares. "A verdade prevalecerá e a correção de todos os meus atos e de meus familiares será reconhecida", disse.