Nesta quarta-feira (24), o presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP-AL), fez um discurso duro em relação às ações do governo Bolsonaro no combate à pandemia. O discurso foi realizado após uma reunião que Lira teve com Bolsonaro na manhã desta quarta. O objetivo da reunião foi tentar encontrar soluções para combater o agravamento da crise causada pela Covid-19, que tem vitimado mais de 2 mil pessoas por dia no país.
Lira fala em 'remédios políticos amargos'
Durante seu pronunciamento na tarde desta quarta, Lira afirmou que os remédios políticos são aplicados quando há uma espiral de erros de avaliação que saem do controle.
Ele destacou que não tem a intenção de aplicar estes remédios amargos contra o Governo, referindo-se de forma indireta a uma possível abertura de pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Vale destacar que a abertura de um processo de impeachment depende do aval de Lira, o atual presidente da Câmara.
Lira também falou em apertar o "sinal amarelo" e mencionou "erros primários, inúteis e desnecessários de governos", entretanto, não especificou qual o alvo de sua crítica. O presidente da Câmara optou por dizer que não estava “fulanizando”, mas ampliou o alvo das críticas dizendo que estava se dirigindo a todos que estão na responsabilidade de combater a pandemia.
O presidente da Câmara falou que estava apertando o sinal amarelo para todos aqueles que quiserem enxergar.
Além disso, ele falou que é importante vacinar a todos, mas destacou que é importante possuir boas relações diplomáticas e esforços na área do meio ambiente. Ele não mencionou de forma direta os nomes dos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.
Lira pede 'esforço concentrado' para combater crise
Diante do aumento do número de mortes pela Covid-19, o presidente da Câmara propôs um esforço concentrado por 2 semanas, pedindo para que atrase os demais projetos que não tratem sobre questões do coronavírus, pois o objetivo é focar em assuntos que ajudam no enfrentamento da pandemia.
Ele disse que "CPIs ou lockdowns parlamentares, medidas com níveis decrescentes de danos políticos, devem ser evitados". Entretanto, ele destacou que isto não depende apenas da Casa, mas daqueles que fora dali deveriam ter mais sensibilidade pelo aumento de mortes no país. Ele completou sua crítica ao dizer que o momento é grave e que tudo tem limite. “O momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite”, disse Lira.
Aliados de Lira interpretam discurso duro
Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, aliados de Lira fizeram interpretações acerca do recado que o presidente da Câmara passou em seu discurso nesta quarta. Para alguns deles, Lira falou em apertar o botão amarelo para as atitudes de Bolsonaro, e que se ele persistir em adotar discurso negacionista diante da crise, poderá adotar "remédios amargos".