Nesta quarta-feira (5), Nelson Teich, que foi ministro da Saúde no Governo Bolsonaro, prestou depoimento na CPI da Covid. Na abertura de sua fala, Teich disse que abandonou o cargo de ministro porque o governo desejava a “ampliação do uso da cloroquina” com o objetivo de ajudar no tratamento de pessoas acometidas pela covid-19. O ex-ministro disse que após perceber que não tinha autonomia para desempenhar seu papel frente à pasta, optou por deixar o cargo.

Segundo estudos científicos, a cloroquina não tem eficácia contra a Covid-19. Entretanto, o presidente sempre defendeu o uso do medicamento, alegando que ele poderia ajudar no tratamento precoce da doença.

O tema já foi alvo de discussões e divergências entre políticos, cientistas e autoridades.

Teich explica por que pediu demissão

Em seu depoimento, Teich disse que o pedido de demissão se deu pelo desejo do governo de ampliar o uso do medicamento. Segundo Teich, este foi o problema pontual, porque, segundo ele, refletia em uma falta de autonomia de quem estava no comando da pasta, bem como representava uma falta de liderança por parte de quem estava à frente do ministério. Teich ressaltou que, segundo a sua convicção pessoal e com base nos estudos da ciência, não havia evidências de que a cloroquina realmente seria eficaz contra a doença.

O ex-ministro afirmou que os motivos que o levaram a sair da pasta são públicos e que se devem porque ele percebeu que não teria liderança e autonomia para exercer o cargo.

Para ele, esta ausência de autonomia ficou mais evidente em relação a alguns pontos que divergiam com o governo Bolsonaro em relação à eficácia da cloroquina para o tratamento da doença. Teich pontuou que enquanto o presidente pregava o uso do medicamento, as convicções do ex-ministro diferiam, pois não havia nenhuma evidência de eficácia para liberar o uso do medicamento.

Teich responde questionamentos de Renan em CPI da Covid

No período de abril e maio de 2020, Teich ficou no comando da pasta da Saúde por 28 dias. Assim como Luiz Henrique Mandetta, seu antecessor no cargo, Teich também deixou a pasta porque discordava de algumas ideias de Bolsonaro sobre o combate à Covid-19. Mandetta prestou depoimento nesta terça-feira (4) e também disse que deixou o cargo por divergências com o presidente.

Durante o depoimento na CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) questionou se Teich sabia que o Exército estava produzindo cloroquina. Ele então respondeu que este assunto não chegou até ele.

Teich prestou o depoimento na condição de testemunha, sendo obrigado a dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho.