O presidente da CPI da Covid, Omaz Aziz (PSD-AM), afirmou para o jornal O Estado de S. Paulo que já há provas suficientes para indiciamentos. Isto porque, segundo o presidente da comissão, há indícios de que o Governo de Jair Bolsonaro não quis adquirir as vacinas contra a Covid-19.

Omaz Aziz destacou que com um mês de trabalho da CPI já foi possível coletar evidências de que o mandatário era orientado por uma espécie de “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde. Além disso, segundo o senador, há indícios de que Bolsonaro atuou deliberadamente para o atraso da vacina e acreditava na “imunidade de rebanho”.

Presidente da CPI fala em indiciamento

Ainda em entrevista para O Estado de S. Paulo, Omar afirmou que a comissão tem motivos para solicitar ao Ministério Público que indicie os agentes públicos por crime sanitário contra a vida. O presidente da CPI pontuou que não é mais preciso tentar provar que o Brasil não quis adquirir a compra dos imunizantes, pois tal fato já estaria comprovado. Ele acrescentou que acredita que a comissão não vai acabar em pizza, referindo-se ao fato de alguns parlamentares apostarem que a CPI não dará em nada.

Aziz não expôs nomes de possíveis nomes que podem ter atuado como cúmplices na crise sanitária do país, entretanto, destacou que é impossível não responsabilizar o mandatário do país.

Aziz afirma acreditar que Bolsonaro cometeu falhas no combate ao coronavírus, pois agiu contrário às medidas de isolamento social e em relação ao uso de máscaras de proteção. Segundo o senador, estas ações revelam que o presidente acreditava na “imunidade de rebanho” e no chamado "tratamento precoce" contra a doença. O senador destacou que os medicamentos defendidos pelo presidente para tratamento da Covid-19 não possuem comprovação cientifica, como é o caso da cloroquina.

O senador disse que após ouvir 10 depoimentos está comprovado que Bolsonaro era orientado por membros do “gabinete paralelo” durante a crise do coronavírus. Ainda segundo informações do jornal, estes integrantes seriam auxiliares do governo e médicos que defendem o uso do "tratamento precoce".

O 'gabinete paralelo'

O líder da CPI mencionou que Bolsonaro se reunia mais com o “gabinete paralelo” do que com o Ministério da Saúde.

Ele citou que em depoimento o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse que enquanto esteve à frente da pasta se reunia com frequência com Bolsonaro. Segundo Aziz, estes encontros eram feitos no “gabinete paralelo”.

Segundo informações do grupo de senadores de oposição que fazem parte da comissão, documentos revelam que as reuniões do “gabinete paralelo” contavam com presença de Carlos Boslonaro, vereador pelo Republicanos-RJ, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo, Tércio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência, a médica Nice Yamaguchi e o empresário Carlos Wizard.