A CPI da Covid foi retomada, nesta terça-feira (1º), no Senado Federal. A comissão parlamentar de inquérito ouve pessoas ligadas ao Governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sempartido), e apura eventuais omissões e crimes na condução da pandemia do coronavírus. Dentre os nomes já chamados na CPI estão o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, que falou sobre a tratativas por vacinas, dentre outras pessoas ligadas ao processo.
O Brasil já passou das 463 milhões de mortes em virtude da Covid-19.
Nise Yamaguchi
Neste terça-feira (1º), a médica Nise Yamaguchi é sabatinada pelos senadores na comissão. Ela defende o tratamento precoce contra a Covid-19, à base de cloroquina e hidroxicloroquina, também defendido pelo presidente Bolsonaro e sem comprovação científica, além da tese de imunidade de rebanho. A médica seria membro de uma espécie de gabinete paralelo do Ministério da Saúde, que é alvo de investigação da CPI. Esse suposto gabinete paralelo daria orientações contrárias ao consenso da maioria da classe médica no enfrentamento da pandemia.
Imunidade de rebanho
A médica defendeu a tese da imunidade da rebanho em sua fala.
"Quero esclarecer o quê que é a imunidade de rebanho. Imunidade de rebanho é um fato. Ela acontece quando você tem uma grande quantidade de pessoas imunizadas ou que tenham tido contato com o vírus, ou que tenham uma imunidade natural previamente adquirida pelo contato com outros vírus. Então, o que acontece com esse fato que é a imunidade de rebanho, acontece de diversas maneiras", disse.
A médica chegou a ser interrompida e criticada sobre essa teoria. Ao continuar com sua explicação, ela seguiu na sua linha de defesa da imunidade de rebanho. "A resposta não é simples porque a imunidade de rebanho tem sido declarada com ir pras ruas, fazer a convivência normal e isso gerar uma imunidade absoluta. O que eu estou dizendo que a imunidade de rebanho é um fato.
Ela não deve ser interpretada. A partir de um determinado momento a comunidade adquiriria uma imunidade", afirmou.
Para Nise Yamaguchi, as inúmeras mutações do coronavírus são as responsáveis pela demora no alcance dessa imunidade coletiva. "A questão desse momento em que nós teríamos uma melhoria dessa situação, não previa tantas interfaces tão complexas que é difícil dizer qual é o valor das mutações virais que ocorreram. Qual é o valor das situações graves que ocorreram, em relação à fala que existia em relação a um prognóstico na época de milhões de casos", argumentou.
Agora, Yamaguchi acredita que com a vacinação contra a Covid-19 essa imunidade coletiva será alcançada.