A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi entrevistada nesta sexta-feira (2) pelo Diário do Centro do Mundo. O canal do YouTube tem uma linha editorial voltada à esquerda, e recebeu a política de direita. Joice foi eleita em 2018 na onda do bolsonarismo, mas rompeu com o presidente República Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.
Rompimento com o presidente
A deputada chegou a ser líder do Governo Bolsonaro na Câmara, e hoje, é oposição.
"E eu posso falar com muita propriedade, porque não só ajudei a fazer a campanha do ogro [fazendo referência ao presidente], quando achei que o ogro fosse honesto, como fui líder de governo do ogro.
Então, eu não tô falando de uma coisa ideológica, 'não gosto dele só porque sou oposição', não! Eu sou oposição, porque ele é uma fraude eleitoral, se transformou em um estelionato eleitoral e cometeu uma série de crimes", disse.
Mesmo se distanciando do presidente, ela reafirma sua posição ideológica de direita.
"Dentro da oposição, eu sou oposição de uma direita nacional. Isso que eles representam [bolsonaristas] também não é direita. Isso é uma estupidez, é uma irracionalidade, é gente que tem preconceito com tudo e com todos. Então, são coisas muito diferentes", citou.
Pedidos de impeachment
Nesta semana, foi protocolado na Câmara dos Deputados um super pedido de impeachment contra Bolsonaro.
A ação envolveu forças da esquerda e da direita nacional, que se uniram apesar das divergências. A deputada contou como ficou sabendo da iniciativa.
"O quê que aconteceu? Como havia muitos pedidos de impeachment, houve uma proposta, quem me procurou primeiro foi o deputado [Marcelo] Freixo [PSB]. Foi o primeiro a conversa comigo.
Eu converso muito bem com todos parlamentares, eu só não converso com bolsonarista. Olha que loucura! São as únicas figuras com as quais não tem como ter diálogo, hoje. Mas, me procuraram [sobre o super pedido] e perguntaram: 'olha, nós temos uma ideia de reunir todos os pedidos de impeachment'. Nós temos mais de uma centena [de pedidos].
Hoje, são 123 [pedidos de afastamento do presidente] com esse que nós apresentamos", explicou.
Joice Hasselmann reforçou que não via problema em se juntar a membros da esquerda para ingressar com o super pedido de impeachment.
"Eu falei claro que eu topo. Seria uma hipocrisia da minha parte eu apresentar um projeto de impeachment sozinha, como apresentei por conta da interferência na Polícia Federal, e quando o projeto é conjunto, um processo que envolve todas as forças da sociedade, e vários representantes de campos ideológicos diferentes, eu falar: 'não', só porque tem gente aqui que não é do meu 'quintal'. Isso seria covardia. E pra covarde eu não sirvo. Então, na hora eu disse que toparia", falou.