O vice-presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista), Ciro Gomes, não ficou satisfeito com a atitude do partido de ter apoiado a PEC dos Precatórios. Por essa razão, ele anunciou a suspensão de sua pré-candidatura à Presidência da República.
A PEC foi aprovada em primeiro turno na Câmara na madrugada desta quinta-feira (4). A proposta vai deixar o Governo postergar o pagamento de precatórios que estão quase vencendo e abre um espaço para R$ 91,6 bilhões no orçamento do ano que vem. A medida, no entanto, precisa ser aprovada em segundo turno na Câmara antes de seguir para o Senado, onde também deve passar por dois turnos de votação.
"Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos cola graves desafios. É o que sinto neste momento. É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios", disse Ciro em uma publicação no Twitter.
"A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo", continuou o político.
Durante a madrugada, dos 24 deputados federais filiados ao PDT, 15 votaram a favor da PEC, o que representa 63% da bancada do partido.
A PEC dos Precatórios foi aprovada em primeiro turno na Câmara com 312 votos a favor e 144 votos contra.
Se aprovada, a PEC abre espaço para que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem legenda) pague o programa de transferência de renda Auxílio Brasil no valor de R$ 400, substituindo o Bolsa Família.
Os precatórios são os títulos de dívidas que o governo tem que pagar por conta de decisões judiciais.
O Orçamento deste ano prevê o pagamento de R$ 54,7 bilhões em precatórios, enquanto o do ano que vem, sem a aprovação da PEC, prevê o pagamento de R$ 89 bilhões.
Presidente do PDT vai até o STF
Essa não é a única confusão causada pela votação na Câmara. O presidente do PDT, Carlos Lupi, informou que vai entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a votação da PEC. Ele questiona a autorização do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que 23 parlamentares que estavam em viagem pudessem votar remotamente.