O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) General Augusto Heleno enfrentou acusações de contradição e desmentidos em seu depoimento na CPMI do 8 de Janeiro. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, afirmou que Heleno mentiu ao declarar que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, não participava das reuniões do ex-presidente com comandantes militares. Além disso, Heleno se viu confrontado com acusações de ter mudado seu posicionamento sobre a natureza dos acampamentos em frente a quartéis militares.
Reuniões com comandantes militares: a contradição
Durante seu depoimento, o General Heleno negou categoricamente que Mauro Cid estivesse presente nas reuniões entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas, classificando tal ideia como "fantasia." No entanto, uma foto de 2019, exibida durante a sessão, mostrou Mauro Cid participando de uma reunião de Bolsonaro com os comandantes militares.
Eliziane apontou essa contradição e destacou que, mesmo que Mauro Cid não participasse ativamente das decisões nessas reuniões, ele estava presente, o que levanta questões sobre a transparência e a natureza das discussões ocorridas.
Acampamentos em foco: mudança de posicionamento
Outro ponto de controvérsia durante o depoimento foi a declaração de Heleno sobre os acampamentos em frente a quartéis militares.
Inicialmente, ele teria afirmado que esses acampamentos eram pacíficos, mas depois negou ter feito tal afirmação. A senadora Eliziane Gama apontou essa contradição como evidência de uma postura complacente em relação aos eventos do 8 de Janeiro.
Heleno também se recusou a responder a perguntas sobre as reuniões entre Bolsonaro e comandantes militares após as eleições de 2022, optando por permanecer em silêncio.
Minimização da delação de Mauro Cid
Durante seu depoimento, Heleno minimizou a delação premiada de Mauro Cid, afirmando que ele não participava efetivamente das reuniões de Bolsonaro, mesmo quando estava presente. Ele também negou a existência de qualquer sinal de politização do GSI e afirmou nunca ter discutido política com seus subordinados.
A convocação de Heleno para comparecer à CPMI foi aprovada pelo colegiado em junho, e ele foi chamado para esclarecer seu suposto envolvimento indireto com os eventos de 8 de Janeiro. Decisão do STF determinou que Heleno deveria comparecer à CPMI, mas poderia ficar em silêncio em relação a certas perguntas.